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27.07.2016 10:24
Oficina de Direito Sistêmico muda vida de casalEmbora estejam separados há anos, as brigas entre Pedro e Maria (nomes fictícios) eram constantes e a comunicação, quase impossível. O motivo era porque Pedro não havia pagado a pensão alimentícia dos filhos do casal em ação proposta em 2009, época em que os descendentes ainda eram menores de idade. Mas, surpreendentemente, algo mudou na tarde de segunda-feira (25 de julho), enquanto eles participavam da Oficina de Direito Sistêmico, na 3ª Vara Especializada de Família e Sucessões de Várzea Grande.
A advogada de Maria, Rosana Kally S. de Medeiros, conta que nunca tinha ouvido falar sobre Direito Sistêmico ou Constelação antes e que ficou muito impressionada com os resultados. “Achei que iria encontrar uma audiência comum de conciliação, mas ao chegar me deparei com uma técnica muito interessante, que é a constelação familiar. Tanto eu quanto as partes estávamos um pouco céticos no início, mas quando chegou a vez deles, o envolvimento e a comoção foram tão grandes, que não tínhamos mais como negar que funciona”, afirmou.
Rosana contou ainda que a cliente dela e o ex-marido saíram em paz da audiência. “Acredito que eles conseguiram compreender que o motivo dos desentendimentos não era a pensão em si, mas alguns sentimentos mal resolvidos que precisavam ser trabalhados. Tudo o que ela queria era que ele desse mais atenção aos filhos. Vi os dois entrarem na audiência brigados e saírem conversando como amigos. Foi muito surpreendente!”, relatou a advogada.
Mas, o que é esta constelação familiar? Trata-se de um método terapêutico em que uma facilitadora auxilia pessoas que estão passando por algum conflito a compreenderem quais padrões de comportamento os estão levando a permanecer dentro de um problema. Esses comportamentos, entretanto, são repetidos de geração em geração através do código genético. Mas, quando são identificados, torna-se possível cessá-los.
Segundo a juíza da 3ª Vara Especializada de Família e Sucessões de Várzea Grande, Jaqueline Cherulli, a iniciativa faz parte da Oficina de Direito Sistêmico, aplicado no âmbito da Violência Doméstica, do Direito de Família e da Infância e Juventude em Cuiabá e Várzea Grande.
“O objetivo desta oficina foi apresentar a dinâmica aos juízes de Várzea Grande, para que eles compreendam o funcionamento do Direito Sistêmico, e assim possam identificar e encaminhar os casos passíveis de aplicação. Trata-se de um novo olhar e de uma nova ferramenta de pacificação social alterativa à judicialização”, explica a juíza, que contou com a presença do juiz José Antonio Bezerra Filho, da 1ª Vara Especializada de Família e Sucessões de Várzea Grande.
A magistrada esclareceu ainda que o direito sistêmico traz um grande benefício às partes, uma vez que resolve seus conflitos de uma maneira muito mais profunda e efetiva. “O motivo de fundo das brigas e desentendimentos nunca é algo material por si só. O problema chega através disso, mas, na verdade, o que as pessoas buscam é o reconhecimento e a atenção umas das outras. E, por isso, elas saem impactadas daqui. Esperam resolver um problema pontual e saem felizes e em paz por terem resolvido uma questão muito mais profunda e incômoda”, analisa.
Os resultados têm sido tão positivos que em breve o projeto será ampliado. “A ideia é que as técnicas se tornem rotina nas varas que tratam destes temas. Em Cuiabá e Várzea Grande estamos realizando a oficina uma vez ao mês dos casos selecionados pelos juízes. Mas já apresentei este projeto ao Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) e eles aprovaram. Em breve, deverá ser expandido para mais comarcas”, adianta Cherulli.
Ao todo, oito casos passaram pela constelação, com o auxílio da facilitadora Neiva Klug. A próxima vara a receber a oficina será a Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá, no dia 15 de agosto.
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Mariana Vianna
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