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11.02.2019 11:01

Projeto promove resolução de conflito em São Pedro de Joselândia
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Por um pedaço de terra, a relação de sobrinho e tio quase foi destruída. Mas graças à intermediação judicial o caso, que já durava anos, foi solucionado e hoje o convívio familiar é pacífico. Tendo a experiência de que a resolução de conflitos é o melhor caminho, o pequeno agricultor Eduardo Evaristo da Silva Amorim, 47, procurou o projeto Ribeirinho Cidadão no sábado (9) para levar paz para a comunidade do Retiro, no Distrito de São Pedro de Joselândia.
 
A localidade fica a cerca de 100 km de Barão de Melgaço e possui cerca de cerca de 1200 moradores. Eduardo conta que o caso familiar foi resolvido em 2017, quando o projeto passou por lá. “Eu e meu tio não estávamos mais nem nos falando. O clima estava tenso”, revela.
 
De acordo com o agricultor, quando o avô morreu, as terras foram divididas entre os herdeiros. Dez famílias, incluindo a dele, ficaram abaixo do rio e nos meses de chuva, de janeiro a abril, ficavam ilhadas. Os membros se juntaram para fazer uma estrada que passava em frente à casa desse tio, mas ele não permitia, com medo da água acumular e alagar a residência dele. “O juiz, defensor e o promotor vieram para conversar com a gente e ele acabou percebendo que era bom para todos. Já passamos por três chuvas e nada aconteceu na casa dele”, conta feliz.
 
Agora, o agricultor quer resolver um conflito no bairro Retiro de São Bento, onde vivem mais de 100 famílias. De novo o impasse se dá porque o dono da terra morreu, a maioria dos herdeiros aceitou doar um trecho para a estrada e um deles colocou uma cerca bem no meio. “Já aconteceu do gado estourar e ir para cima de pessoas que passavam por ali. Não pode ter cerca no naquele local”, comenta Eduardo. “Quem mais está precisando de paz é esse herdeiro, pois todas as outras famílias estão com raiva dele”, revela.
 
Com a intermediação das autoridades houve a resolução do conflito e um acordo foi assinado. Até o dia 31 de agosto a comunidade, em regime de mutirão, vai construir um corredor de passagens de sete metros ligando a comunidade de Retiro de São Bento ao distrito. “A conversa foi um pouco difícil, mas graças a Deus conseguimos solucionar”, comemorou o defensor público Munir Arfox.
 
Casamento - O trabalhador rural Robervaldo Frutoso da Silva, 35, e a dona de casa Roseli Teixeira da Rocha, 48, convivem há 10 meses e esperam a chegada de gêmeos para o mês de março. Eles aproveitaram o projeto para oficializar a união. Ela tem outros três filhos de um relacionamento anterior, de 31 a 27 anos. Já ele terá os primeiros com a chegada dos gêmeos. “Com os quase R$ 600 que vamos economizar, já posso comprar material e construir o quarto dos meninos”, planeja o pai.
 
Se tem gente começando a vida de casado, tem casal que já celebrou Bodas de Diamante, ou seja, 75 anos de união. Dona Marina Feliciana da Silva, 90 anos, e seo Benedito Paulino da Silva, 92, não conseguem mais ir ao local onde ocorrem os atendimentos, por isso o médico do projeto foi até a residência do casal. “Fico feliz que o médico pôde vir aqui em casa, nós já não conseguimos ficar onde tem muita gente”, diz a mulher. “Para nós, que somos pobres, um projeto como esse quanto mais violento (rápido) voltar, melhor”, completou o marido, com seu linguajar pantaneiro.
 
Dona Marina passou por cirurgia há seis meses para retirada de um câncer de pele no nariz e seo Benedito está preocupado com a pressão. Após a consulta, o médico Werley Peres informou que eles estão bem, mas devido à idade avançada o acompanhamento é importante.
 
Quem também recebeu atendimento, no posto de saúde do Distrito, onde a equipe médica e de oftalmologista do projeto ficou, foi o benzedor Joaquim Santana Rodrigues, que afirma ter 106 anos. No registro constam 100 anos, mas ele reclama que quando nasceu era comum o registro ser feito anos depois e, por isso, ele teria “perdido” seis anos. Seo Joaquim reclamava da vista e ganhou óculos para ter mais conforto. Para chegar ao posto, motoristas do projeto foram buscá-lo de carro.
 
A equipe do Ribeirinho pernoitou em São Pedro de Joselândia e, pela manhã, os serviços médicos, odontológicos, oftalmológicos, confecção de Carteira de Trabalho, RG, CPF, corte de cabelo, entre outros, continuaram até às 12h. Na sequência, os voluntários começaram a arrumar os equipamentos para voltarem para o ônibus, embarcações menores até as chalanas ancoradas no Rio Cuiabá.
 
O juiz coordenador do projeto Ribeirinho Cidadão no âmbito do Poder Judiciário, juiz José Antonio de Bezerra Filho, ressaltou a importância de sair da zona de conforto para prestar os atendimentos à população. “Já estamos no sétimo, indo para o oitavo dia, e vocês puderam acompanhar a dificuldade que é, a logística que é, daí por que nós pensamos, percorremos e temos planos alternativos. O propósito do Ribeirinho é isso, levar o bem. As dificuldades existem e as cabeças pensantes têm que fortalecer a segurança e a harmonia de todo o grupo. Isso faz acreditar que é possível, saindo da zona de conforto e enfrentando dificuldades. No final de tudo há o sorriso do serviço bem feito”, afirmou.
 
Segundo ele, para o êxito, é preciso fazer a diferença. “Temos que ser diferente. É possível fazer desde que cada um de nós acredite nessa proposta. São Pedro de Joselândia foi o destino mais desafiador. Tínhamos uma logística diferente para chegar a São Pedro, mas fizemos uma rota alternativa e cumprimos o nosso calendário. Esse é espírito e graças a Deus está tudo correndo dentro do previsto”.
 
Nesta segunda-feira (11 de fevereiro), os atendimentos serão na Fazenda São João e a parte fluvial se encerrará na quarta-feira (13 de fevereiro), com o Dia D em Poconé.
 
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Alcione dos Anjos/ Fotos: Lucas Silva
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