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Poder Judiciário de Mato Grosso

 
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19.02.2016 17:31

Direito Sistêmico é tema de curso no TJMT
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O Tribunal de Justiça de Mato Grosso recebe nesta sexta e sábado (19 e 20 de fevereiro) o juiz Sami Storck, precursor do Direito Sistêmico no Brasil. Nestes dois dias ele ministra o Curso Básico de Direito Sistêmico, que capacitará pessoas sobre as novas ferramentas, inclusive a metodologia das Constelações Sistêmicas Fenomenológicas no Campo do Direito. As aulas são ministradas na Escola dos Servidores do Poder Judiciário, na sede do TJ, para um grupo de 93 pessoas, formado por magistrados e servidores.
 
“Uma das bases do direito sistêmico é a consideração pela pessoa e pela bagagem que ela traz (família). Um indivíduo não pode ser tratado isolado, ele tem que ser encarado como um sistema, formado por ele próprio, pelo pai e pela mãe. Se queremos conhecer alguém ou a nós mesmos nós precisamos assimilar a origem desse ser. Todos gostam de ser reconhecidos. Muitas pessoas ingressam com processos na Justiça por conta de um motivo, mas quando é feita a análise mais profunda, é possível verificar que o problema maior é que elas foram desconsideradas pelo outro ou sofreram um gesto de não reconhecimento”, explica o magistrado.
 
Ele ressalta ainda que um gesto de reconhecimento às vezes resolve uma lide. “Quando uma das partes chega para fazer audiência você precisa conversar com ela, enxergar a situação além da pessoa e realmente entender o problema que ela está passando”.
 
A desembargadora Clarice Claudino da Silva, presidente do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) do TJMT e participante do curso, destaca que a pretensão desta nova face do direito é ousada e utiliza técnicas das constelações familiares, especialmente nos processos de família. “Trouxemos o magistrado no ano passado para explicar a técnica e agora o curso foi formatado especialmente para o TJMT. Nós não vamos sair daqui consteladores, mas saberemos utilizar técnicas das constelações para ajudar a resolver os problemas. Este é o despertar para novas ferramentas, ninguém vem ao Poder Judiciário em paz, e esta é uma forma de acabarmos com as angústias”, destaca.
 
Clarice ressalta ainda que todas as pessoas são eternos aprendizes e todo dia se deparam com problemas que requerem soluções. “Este trabalho tem reflexos voltados para a sociedade. Nós fazemos parte de um sistema”, conclui.
 
Em Mato Grosso, o trabalho já foi implementado na Comarca de Sorriso (420 quilômetros ao norte de Cuiabá) e vem apresentando bons resultados. De acordo com a gestora do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), Rita Medeiros, desde julho de 2015 o direito sistêmico é utilizado para resolver vários tipos de problemas na comarca, inclusive com resultados nítidos.
 
“Nós já tivemos casos em que casais estavam travando briga em processo de divórcio e depois da constelação eles conseguiram se entender quanto aos alimentos, guarda de filhos e convivência pacífica. Em alguns dos casos os casais voltaram a viver juntos depois de constelar, porque eles conseguiram entender o lado do parceiro e reconhecer a história de vida”, afirma.
 
Experiências - A juíza Lizandra dos Passos, que atua na Vara Integrada de Terra de Areia (em Porto Alegre/RS), também veio especialmente para participar do curso oferecido pelo TJMT. Ela implantou o uso do direito sistêmico na Comarca de Capão da Canoa em agosto de 2015 e também já vê resultados. De acordo com a magistrada, desde o início dos trabalhos até o momento 93% dos menores não reincidem mais em atos infracionais.
 
“Nosso resultado está sendo muito bom. Fazemos as reuniões uma vez por semana e a participação do projeto vale como remição da pena. Lá são feitas abordagens iniciais com as ordens do amor de Bert Hellinger (psicoterapeuta alemão, inventor das constelações familiares), exercícios de meditação e técnicas de constelação. As famílias dos menores também participam das ações, pois não basta ajudar o ser, mas tem que tratar todo o sistema. Atualmente nós temos três psicólogos que constelam”, ressalta.
 
Serviço – O curso é dividido em cinco módulos. Neste primeiro, é trabalhada a Introdução às Constelações Sistêmicas e abordados assuntos como forças que atuam num sistema, trabalhos em grupo e individuais, as ordens do amor e os tipos básicos de envolvimento sistêmico.
 
O segundo módulo será realizado em 4 e 5 de março com o tema Casais, pais e filhos. Os temas serão: dinâmicas básicas que atuam nos casamentos, antigos relacionamentos, separação (aborto e adoção), alimentos e guarda, abandono afetivo, novas formações familiares e o feito da morte aos filhos.
 
No terceiro módulo – Atendimento Individual – realizado entre 17 e 18 de março, serão trabalhados os seguintes assuntos: o movimento do amor interrompido, sentimentos primários, vitimização, trabalho com bonecos e trabalho com visualização.
 
Sistemas Organizacionais é o tema do quarto módulo, que ocorrerá em 12 e 13 de maio. Os temas discutidos serão diferenças entre o sistema familiar e outros sistemas, os tipos de hierarquia dentro de uma organização, o espírito e o corpo, situações ocultas dentro de uma organização, constelação de decisão e falência e repercussões judiciais.
 
Já o último módulo será realizado de 3 a 4 de junho, com o tema Possibilidades do Direito Sistêmico. Os assuntos trabalhados serão: experiências de uso das ferramentas da constelação, o duplo olhar, constelações a serviço da justiça, infância e juventude, aplicação e acompanhamento de medidas socioeducativas, justiça restaurativa e dosimetria da pena e alternativas.
 
Além do juiz Sami Storch, apresentam os módulos os coaches Almir Jodat Nahas e Gianeh Borges.
 
 
Keila Maressa
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br
(65) 3617-3393/3394/3409