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Poder Judiciário de Mato Grosso

 
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18.03.2016 10:41

Direito Sistêmico: a busca pela paz e o equilíbrio
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Está sendo realizado, nesta quinta e sexta-feira (17 e 18 de março), o terceiro módulo do “Curso Básico em Direito Sistêmico”, realizado na Escola dos Servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. O “Atendimento Individual” é o tema desta etapa do curso, que, ao todo, tem cinco módulos e se estende até o mês de junho. O curso, destinado a desembargadores, juízes, servidores do Poder Judiciário, advogados, mediadores e conciliadores, alia teoria e prática, para que os participantes possam conhecer um pouco mais sobre a visão sistêmica do direito, pela qual só há direito quando a solução traz paz e equilíbrio para todo o sistema.
 
A iniciativa do Tribunal de Justiça em promover este tipo de capacitação vem sendo alvo de elogio. “O curso tem trazido informação e esclarecimento sobre o direito sistêmico, que é uma forma holística de encarar a solução adequada de conflito, permitindo que as pessoas compreendam e conheçam melhor a causa de seus conflitos, dos seus problemas. Toda ferramenta que venha para permitir maior esclarecimento, maior consciência às pessoas, para que elas possam a partir disso, empodeiradas, decidir melhor sobre a solução do seu conflito, é válida, é bem-vinda”, destaca o juiz Anderson Candiotto, da Comarca de Sorriso (420 km de Cuiabá), que está participando do curso.
 
Ele destaca que a sociedade é dinâmica e, por isso, os seus conflitos são múltiplos. “O Judiciário precisa tratar os conflitos neste aspecto, nesta multiplicidade. Somente neste campo holístico, neste campo em que você não engessa os conflitos, é que se pode encontrar inúmeras formas de tratamentos adequados para os inúmeros tipos de conflitos que nós recebemos diariamente em nossos gabinetes”, pondera o magistrado, que elogiou a iniciativa do Tribunal de Justiça, por meio do Nupemec, em trazer este tipo de curso.
 
O Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) de Sorriso, desde setembro de 2015 vem usado a técnica da constelação familiar com grande êxito e com ótimos resultados. “A Comarca de Sorriso foi desafiada pela desembargadora Clarice (presidente do Nupemec) a trabalhar esta questão. A receptividade da técnica tem sido muito boa. Nós temos várias pessoas que passaram pela constelação e com base nesta terapia compreenderam melhor a causa dos seus problemas e dos seus conflitos e isso foi fomento para que elas pudessem mediar e resolver adequadamente e de maneira satisfatória os seus conflitos, deixando-as satisfeitas”.
 
Na avaliação da integrante da Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara), Lindacir Rocha Bernardon, que já vivenciou a técnica da constelação familiar, o passo dado pelo Judiciário de Mato Grosso é de vital importância na quebra de paradigmas. No curso ela contou uma experiência particular e de êxito, onde a constelação foi usada, resolvendo um conflito de um integrante da sua família. “Assim como acontece com muitas pessoas que não acreditam nesta ciência, o meu filho também foi sem acreditar, não foi aberto para constelar, mas acabou participando e vendo acontecer uma grande mudança na sua vida. Não é necessário querer, basta deixar acontecer”.
 
Para Gianeh Borges, terapeuta e coaching sistêmico e instrutora do curso, o Poder Judiciário de Mato Grosso teve uma atitude corajosa ao abrir as portas para que o direito sistêmico não apenas passasse a ser discutido, mas também utilizado no dia a dia.
 
“Se eu tenho expansão de consciência, eu me abro para coisas novas. Se eu tenho um pensamento rígido, eu me fecho, eu fico no formato, eu fico no processo, agora se eu quero as relações humanizadas, tenho que acreditar neste sentimento, tenho que ir além do que está no processo, olhar para a pessoa como ser humano e o humano precisa deste sentimento de amor, precisa desta relação eu e você, não é o juiz e o réu, não é o juiz e a vítima, é um homem e uma mulher, são seres humanos que estão dentro de si. O direito sistêmico resgata um pouco o que foi ensinado lá na faculdade de Direito, quando fala que todo ser humano tem direito a uma defesa, resgata o que foi ensinado e tira um pouco do processo.”, acredita.
 
Ela explica que o movimento de humanização nas relações é cada vez maior e está retornando para casa. “As pessoas viram que máquina sozinha não funciona, as pessoas viram que o velho ditado: ‘Escreveu não leu, o pau comeu’, não funciona mais, não basta sentenciar. Não resolve o conflito. Tem que sentar, conversar, explicar, dialogar, tem que ter olho no olho. Esse momento que o Judiciário está vivendo é de muita coragem”.
 
No entanto, apesar da quebra de paradigmas, o direito sistêmico ainda é visto com certa ressalva por muitas pessoas, principalmente a técnica das constelações. É exatamente aí que entre o atendimento individual, mostrando que constelação não é sinônimo de terapia em grupo. “Têm pessoas que estão mais abertas, elas não têm este questionamento, se sentem seguras, protegidas e não têm problema em participar de uma constelação em grupo. Outras podem ter passado por uma situação que a tenha deixado fragilizada diante de outras pessoas, aí dificilmente ela vai para um trabalho em grupo. É preciso respeitar os limites de cada um e saber o que fazer, como fazer e onde fazer”, ressalta a terapeuta.
 
Com relação àqueles que não acreditam e questionam a eficácia do chamado direito sistêmico, ela diz: “primeiro é preciso ter uma atitude sistêmica, eu não quero provar nada para ninguém. Eu faço, eu acredito, eu ensino, e as pessoas vêem por elas mesmas. Eu não vou querer convencer ninguém de nada, a pessoa tem que vir por si só, ela tem que ousar experimentar algo. Todo processo de mudança dá medo, eu também fiz isso, eu também duvidei de muitas coisas, mas eu estudo. A gente só vai acreditar naquilo que a gente consegue vivenciar, não é porque os outros vão falar que eu preciso sentir. Enquanto profissional eu respeito isso, cada um tem seu tempo de olhar, seu tempo de sentir e de assimilar”.
 
O curso é ministrado também pelos instrutores Sami Storch, juiz do Tribunal de Justiça da Bahia, formado em Consultoria Sistêmica Empresarial, e Almir Jodat Nahas, que tem formação em constelação familiar.
 
Mais dois módulos do curso serão realizados. Nos dias 12 e 13 de maio o tema será “Sistemas Organizacionais” e nos dias 3 e 4 de junho “Possibilidades do Direito Sistêmico”.
 
Leia mais sobre o assunto:
 
Direito Sistêmico: além do processo judicial
 
Direito Sistêmico é tema de curso no TJMT
 
 
Janã Pinheiro/Fotos: Otmar de Oliveira/F5
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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