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Poder Judiciário de Mato Grosso

 
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26.02.2019 16:06

Concurso de 99 trouxe grandes nomes para a magistratura estadual
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Há exatos 20 anos, 36 bacharéis em Direito viram diante de seus olhos a materialização do sonho de chegar ao posto de magistrado. No dia 26 de fevereiro de 1999 tomaram posse 36 juízes que viriam a contribuir grandemente com o crescimento do Poder Judiciário, com o fortalecimento da magistratura e o desenvolvimento da sociedade mato-grossense.
 
Para o presidente do TJMT, desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, é uma honra presidir um tribunal com corpo técnico tão qualificado e profissionais empenhados em garantir justiça social em Mato Grosso. Segundo ele, o profissionalismo dos magistrados empossados em 1999 pode ser comprovado pelo número de juízes dessa turma que integram a atual administração como auxiliares da Presidência, Vice-Presidência, Corregedoria e Ouvidoria. São eles: Luiz Octávio Oliveira Saboia Ribeiro e Agamenon Alcântara Moreno Júnior (Presidência), Otavio Vinicius Affi Peixoto e José Arimatéa Neves Costa (Corregedoria), Adriana Sant’Anna Coninghan (Vice-Presidência) e Rodrigo Roberto Curvo (Ouvidoria).
 
Com apenas 24 anos de idade, a jovem cuiabana Amini Haddad Campos já havia passado em vários concursos até alcançar o objetivo projetado desde a faculdade de Direito, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde foi aluna dos desembargadores Shelma Lombardi de Kato e José Vidal, que lhe inspiraram ainda mais a seguir o sonho da magistratura. “Foi uma grande alegria alcançar essa realização, eu sempre gostei, de fato, de lidar com pessoas, de poder ouvir, entender e solucionar problemas da vida humana. Tenho dentro de mim uma vontade de fazer, de entender, isso me motiva na atuação diária nos processos, nas instruções, na atuação quando lidamos com projetos específicos de políticas de prevenção, de tratamento de pessoas envolvidas em situações de vulnerabilidade”, afirma a juíza, que coordena o trabalho “Justiça em Estações Terapêuticas e Preventivas”, no Juizado Especial Criminal de Várzea Grande (Jecrim).
 
Olhando um pouco para o retrovisor, a juíza se recorda com carinho do projeto que desenvolveu em Arenápolis (258 km a médio-norte de Cuiabá), sua primeira comarca de jurisdição, onde ela, a equipe do fórum e a comunidade construíram um lar para crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual e também mulheres vítimas de violência doméstica, criando um conselho humanitário para mulheres em 1999, muito antes da existência da Lei Maria da Penha. “Esse foi um trabalho muito significativo porque contamos com as mais diversas atividades de voluntariado. A comunidade compreendeu a importância desse projeto e pessoas de todos os setores ajudaram. Uma das vítimas foi estuprada pelo pai dos cinco aos 12 anos, tinha uma história bastante difícil de vida. Eu me sinto muito emocionada porque ela conseguiu superar, se casou, hoje vive bem, conseguiu reconstruir a vida dela com tudo aquilo que foi realizado. O Judiciário tem esse papel; acolhimento das dificuldades, acolhimento de vidas e de solução das problemáticas humanas”.
 
O juiz Luis Otávio Pereira Marques, nascido na capital mato-grossense e formado pela Universidade de Cuiabá (Unic), também tomou posse na ‘Turma de 99’ com apenas 24 anos. Nessas duas décadas, ele passou pelas comarcas de Lucas do Rio Verde, Juína, Primavera do Leste e Várzea Grande, onde é titular da 3ª Vara Cível, tendo atuado na direção do foro e como juiz eleitoral em todas as comarcas por onde passou.
 
Para ele, tornar-se juiz com pouca idade foi uma renúncia voluntária que valeu a pena e que lhe trouxe muita maturidade em virtude do próprio papel desempenhado pelo magistrado. “Você acaba renunciando a sua juventude em prol de um bem maior, porque a magistratura é um sacerdócio. Posso dizer que valeu e está valendo a pena. Sempre foi meu sonho e a cada dia que acordo é uma nova missão; na magistratura, um dia sempre é diferente do outro. Muita experiência e conhecimento adquirido. Nós amadurecemos muito em todos os sentidos nesse trajeto profissional”, revela.
 
Ao ser empossado aos 31 anos, Gonçalo Antunes de Barros Neto já havia sido delegado de polícia, professor da UFMT – onde também se formou – e assessor da Presidência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Apesar de atuar em diferentes caminhos dentre as possibilidades do Direito, ele conta que a magistratura sempre foi seu sonho. “Minha pretensão sempre foi a magistratura porque o juiz tem em suas mãos a possibilidade de transformar para o bem as situações contraditórias nefastas da sociedade que lhe são apresentadas. Além disso, o juiz, por ter a obrigação da independência, inclusive interna, traz consigo o predicado mais importante para o desempenho da sua função: a coragem. Decidir com independência, com honestidade e convicção jurídica”, reflete.
 
Apaixonado por filosofia, o juiz titular do 8º Juizado Especial Cível de Cuiabá está prestes a concluir o curso de bacharel nessa ciência pela UFMT e aconselha qualquer pessoa que queira trilhar o caminho rumo à magistratura a começar pela leitura dos principais filósofos clássicos. “O juiz que não lê filosofia e política, além de sociologia, não deveria ter chegado ao cargo. São ciências que ele precisa para refletir sobre a vida e os seres humanos. Acho que todos os juízes deveriam ler Platão, Aristóteles, Descartes e Kant. Sem esses pensadores, o juiz se torna um funcionário público e não um transformador social”.
 
O sentimento de gratidão diante da preservação da vida obtida pelos atos da magistratura também é partilhado pelo juiz titular da 7ª Vara Cível de Cuiabá, Yale Sabo Mendes, também empossado no concurso de 1999. O magistrado narra um episódio ocorrido quando ele atuava no Juizado Especial. Uma senhora lhe parou e perguntou se ele era o Dr. Yale. Quando fez sinal afirmativo, ela lhe agradeceu por ter proferido uma decisão rápida em um processo, de modo que o valor recebido pela indenização custeou a cirurgia cardíaca do marido. “Quer satisfação maior que isso? Só isso já valeu os meus 20 anos de magistratura. Somente essa história, poder fazer a diferença na vida das pessoas, no melhor sentido da palavra”, analisa.
 
Yale é cuiabano, tomou posse aos 31 anos e vem de uma família tradicional de magistrados mato-grossenses. Formado engenheiro agrônomo pela Universidade de Brasília (UnB), atuou durante pouco tempo nessa profissão e então decidiu cursar Direito na UFMT. Ele trabalhava no Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT 23ª Região) quando foi aprovado no concurso de 1999 e conta que se sente realizado com o caminho que trilhou. “Ser juiz, para mim, é uma honra. Sinto-me totalmente realizado, é exatamente aquilo que eu queria fazer, não tem nem o que se pensar”, enfatiza.
 
Confira AQUI a lista de todos os magistrados empossados em fevereiro de 1999.
 
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Mylena Petrucelli
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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