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Poder Judiciário de Mato Grosso

 
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12.09.2019 15:15

Reeducandas de Cuiabá iniciam capacitação em produção de flores tropicais
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Colocar as mãos na terra, sentir o vento e o sol no rosto, molhar plantas foram as experiências da reeducanda D.F.S, 20 anos, na manhã desta quinta-feira (12), no Presídio Feminino de Cuiabá, Ana Maria do Couto May, em Cuiabá. Com as sensações, banais para quem está em liberdade, mas limitadas para quem se encontra em privação de liberdade, a reeducanda foi capaz de sonhar um futuro promissor, fora da prisão e com a filha de 11 meses, que está com a família.

 
D.F.S é uma das 30 mulheres beneficiadas pelo projeto RefloreSER, apoiado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e que é realizado na unidade prisional. Presa por roubo, está há três meses no presídio e, desde então, não teve contato com a menina. “Errei e estou pagando pela minha falha. Tenho muita saudade da minha filha, mas sei que aqui não é ambiente”, comenta.
 
“Estou aproveitando todas as oportunidades que surgem aqui. Participo da escola que funciona aqui. Curso o ensino médio e agora estou no projeto RefloreSER. Achei a oportunidade maravilhosa para mudar de vida. Estou confiante que tudo dará certo e quando estiver lá fora vou poder me sustentar, cuidar da minha filha e até ensinar outras pessoas”, planeja.
 
Nesta manhã, o professor Rafael Campagnol, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que é engenheiro agrícola, apresentou o 1º Módulo do curso “Capacitação em produção de flores tropicais”. Levou três universitários que irão ser monitores, ajudando na parte prática. “Ao todo, a capacitação é de cinco módulos e carga horária de 200 horas. A parte teórica é de 8 horas e as demais são para colocarem mão na massa”, conta.
 
A parte prática do curso será realizada em uma estufa construída em uma área do presídio com recursos disponibilizados pelo Tribunal de Justiça e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Seccional Mato Grosso. As primeiras espécies de flores, envasadas, demoram de dois a quatro meses para estarem prontas, já as de corte de seis a 12 meses. “Vamos trabalhar com mini girassóis, petúnias, onze-horas e outras plantas que se adaptam bem a nosso clima quente e seco”, cita o professor.
 
De acordo com a diretora da unidade, Maria Gicelma Ferreira da Silva, algumas das reeducandas têm experiência com horta, outro projeto desenvolvido na unidade e agora a capacitação em produção de flores tropicais irá complementar o conhecimento em cultivo. “Temos 195 reeducandas na unidade e para participar dos projetos é pré-requisito participar da escola. Hoje, temos 78 estudantes”, cita.
 
As reeducandas que optam pela educação e capacitação conseguem remição de pena. “A cada 12 horas de estudo tem remição de 1 dia da pena, e a cada 3 dias trabalhados reduz um dia da pena”, informa a diretora. “Todos os projetos que a unidade propõe são para que tenham oportunidade fora daqui. Mas, a realidade delas aqui dentro é muito solitária. Poucas têm visita de familiares que podem trazer algum produto, como shampoo e condicionador. Quando trabalham podem receber pecúlio, que é uma remuneração e assim comprar itens básicos”, reforça.
 
O projeto RefloreSER é uma parceria entre a Faculdade de Agronomia da UFMT, por meio da Coordenação de Extensão (Codex), com a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos de Mato Grosso (Sejudh), Associação Cultural Cena Onze, OAB Mato Grosso, Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e a Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer).
 
Leia matéria sobre o assunto:
 
Judiciário apoia RefloreSER na ressocialização de reeducandas
  
RefloreSER: reeducandas começam curso de capacitação em flores tropicais
 
 
Alcione dos Anjos/ Fotos: Álvaro Marinho
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