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Poder Judiciário de Mato Grosso

 
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25.05.2022 12:00

Dia Nacional da Adoção - Família Fortunato mostra como laços afetivos independem da idade
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O dia no apartamento da família Fortunato, em Cuiabá, começa agitado. As irmãs Gabriela, 12 anos, e Isabela, nove, têm uma agenda cheia: aulas pela manhã, tarefas escolares à tarde, aulas de reforço e além de ajudar a mãe, a professora Elisandra, nos afazeres domésticos, tudo cercado de muito amor e animação.
 
Mas nem sempre foi assim. Gabriela chegou para a família há quase três anos, após Elisandra e o marido, o professor Alex Fortunato, participarem do Programa Padrinhos, da Comissão Estadual da Adoção (Ceja), ligada a Corregedoria-Geral da Justiça do Poder Judiciário de Mato Grosso. Após sofrerem dois abortos espontâneos, o casal pretendia adotar uma criança de até três anos de idade.
 
Enquanto aguardavam, fizeram o curso “Pré-Natal da Adoção” da Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara), receberam informações sobre adoção tardia e refizeram o formulário do perfil da criança que pretendiam adotar. Logo conheceram Gabriela, então com nove anos. Fizeram a aproximação com o apadrinhamento afetivo e conviveram por 45 dias, aos finais de semana, com menina.
 
“Ela ficava o fim de semana conosco e na segunda-feira tínhamos que levá-la para a escola. Ela ficava emburrada, não queria descer do carro. A gente conversava com a Gabriela e dizia que no próximo fim e semana iriamos buscá-la. Após um mês e meio recebemos a ligação da Casa Lar dizendo que ela falava que não queria ficar mais no abrigo e que rezava todas as noites para ter uma família”, conta a mãe emocionada.
 
“Conversei com meu marido e resolvemos fazer a solicitação da guarda provisória, que foi concedida pela juíza. Ela teve algumas dificuldades de socialização, tinha vergonha de interagir com outras crianças do condomínio, mas tivemos ajuda profissional e o processo de adaptação foi acontecendo”, completa Elisandra. “Com um ano da chegada da Gabi e com a guarda definitiva percebemos que ela precisava de uma irmã”, revela.
 
Dessa vez, o perfil apontado foi uma criança com mais de cinco anos. O coração escolheu Isabela, então com sete anos. A garotinha vivia em uma Casa Lar, em Vila Rica (a 1.270 km de Cuiabá). No início de 2020, o casal teve um compromisso profissional na cidade, aproveitou e pediu autorização para visitar o abrigo. Ao chegar no local, quem abriu a porta, junto com os pais sociais, foi Isabela. Muito falante, meiga, religiosa e educada, a menina encantou Elisandra e Alex.
 
Semanas depois, devido a medidas de biossegurança em razão da pandemia do Cornona vírus, as visitas foram suspensas. Mas, o vínculo afetivo já estava formado. Em dezembro de 2020, Elisandra e Alex tiveram autorização judicial para fazer o aniversário Isabela. “Ela queria que o tema fosse da Frozen. Fizemos e ela ficou muito feliz”, lembra. Nesse período, a menina estava com problema de saúde e Elisandra ajudou com exames e medicação. “Descobrimos que Isabela só tinha um rim e foi uma fase de muita preocupação, eu já me sentia mãe dela”, revela.
 
Depois de muitas viagens para Vila Rica, gastos com hotel para poder ficar com a menina aos fins de semana, o casal conseguiu no dia 30 de maio de 2021, a guarda provisória. “A Isabela chegou para somar. Ela tem o perfil totalmente diferente da Gabriela. Enquanto a Gabi é calma, tímida, a Isa é impulsiva e destemida. Uma completa a outra”, afirma.
 
O convívio familiar é tão positivo que todos pensam em aumentar o número de membros. A idade desse novo integrante também já está definida: uma criança com cinco anos ou mais. Mas, ainda não chegaram a um consenso no quesito gênero. O pai, a mãe a primogênita querem um menino, já a caçula pede uma nova irmãzinha.
 
A história da família Fortunato é prova de que o vínculo de amor não depende da genética, da etnia e muito menos da idade da criança. A chamada adoção tardia, de crianças com mais de sete anos é uma das bandeiras defendida pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), ligada a Corregedoria-Geral da Justiça do Poder Judiciário de Mato Grosso.
 
Na Semana Nacional da Adoção (23 a 27 de maio), em alusão ao Dia Nacional da Adoção, celebrado em 25 de maio, a Ceja destaca que as crianças com mais de sete anos, adolescentes, grupo de irmãos, portadores de necessidades física ou mental, afrodescentes ou pertencentes a minorias étnicas compõem o perfil dos acolhidos disponíveis para adoção e que menos são citados como desejados pelos pretendentes a adotar.
 
A secretária geral da Ceja, Elaine Zorgetti, cita que atualmente Mato Grosso possui 402 crianças e adolescentes acolhidos, desse total, 52 estão disponíveis para adoção e 30 acolhidos das Comarcas de Cuiabá, Várzea Grande e Primavera do Leste se enquadram no perfil mencionado. “Essas crianças e adolescentes só querem amor, carinho e necessitam do convívio familiar”.
 
Essa matéria possui recursos de texto alternativo para promover a inclusão das pessoas com deficiência. Imagem 1 – Foto retangular quadrada colorida. Mãe e filhas se abraçam. Imagem 2 - Foto retangular quadrada colorida mostra a mãe e as crinças na pia da cozinha lavando louça. Imagem 3 - Foto retangular colorida mostrar as duas irmãs se abraçando.
 
Alcione dos Anjos
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br