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Poder Judiciário de Mato Grosso

 
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11.06.2021 17:46

Webinário aborda serviço ecossistêmico, flora e consequências para o Cerrado
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Existente há cerca de 65 milhões de anos, o Cerrado foi o primeiro bioma a surgir na existência do planeta como conhecemos hoje e é considerado o berço aquífero do Brasil. Ao se estender por 22% do território nacional, ocupa uma área de 200 milhões de hectares, entretanto, cerca de 50% dessa extensão já foi modificada ao longo dos anos, o que provocou a transformação do solo, por contra do desmatamento e do plantio de árvores exóticas, por exemplo. Como esse bioma já alcançou o seu apogeu de desenvolvimento, ele apresenta vulnerabilidades, dentre elas, o fato de não conseguir se recuperar ao ser degradado.
 
Tendo em vista tamanha relevância para o cenário nacional e a necessidade de sua preservação, nesta semana, o bioma foi tema do ‘Conhecendo o Cerrado – o que podemos e devemos fazer pela proteção do bioma?’, realizado na quinta e sexta-feira (10 e 11 de junho). Hoje, último dia, foi iniciado com a palestra Cerrado – Celeiro dos Serviços Ecossistêmicos, com a professora-doutora Luciana Ferraz.
 
Ela explicou que são os serviços dos ecossistemas que dão a sobrevivência, o bem-estar às pessoas e a redução da pobreza, por exemplo. “Das 13 bacias hidrográficas existentes no Brasil, nove bacias nascem no Cerrado e suas nascentes estão no meio de plantações, onde não estão sendo conservadas. Como função de regulação, esse ecossistema produz 53% da energia utilizada no Brasil em toda a sua infraestrutura. Tudo isso só existe porque ainda se conserva o serviço de regulação do ecossistema do Cerrado. Se a função de regulação reduzir sua capacidade de suporte, isso gerará redução do bem-estar da população e a pobreza ainda maior.”
 
Ela ainda ressaltou que “ao ser perdido a regulação do cerrado degradando e impactando negativamente, serão perdidos todo o bem-viver humano, a ciclagem de nutrientes, a produção agrícola que está ameaçada pela crise hídrica. Isso significa falta de habitação, de cultivo e de produção de energia. Temos que nos lembrar que se a fumaça já foi símbolo de evolução industrial, hoje ela é símbolo de degradação natural.”
 
Na sequência, o professor Laerte Guimarães Ferreira Junior apresentou o tema ‘Atividades econômicas e suas consequências para o solo e para o bioma Cerrado’. Na ocasião, ele destacou que a situação do cerrado é muito preocupante. “Quando falamos que 50% da cobertura original vegetal do bioma foi transformada em área de produção de grãos e de pastagens, falamos que estamos vivenciando o ciclo da chuva e o ciclo biológico como um todo. Esses efeitos são mostrados em estudos científicos que pesquisam o desmatamento e o ciclo biológico do Cerrado. Isto é extremamente importante e preocupante. Quando mudamos o tipo de cobertura [do solo], estamos mudando o balanço da temperatura da radiação e da energia. Isso, obviamente, tem impacto no aumento da temperatura e redução da precipitação.”
 
Ele explicou ainda que apenas cerca de 8% de vegetação do Cerrado está sob algum tipo de proteção legal de conservação, o que facilita a degradação e exploração do solo. “Após a moratória da soja, em 2008, que determina que não se compra o produto se ele for produzido em área florestal desmatada, reduziu-se o desmatamento amazônico, mas aumentou o desmatamento do cerrado. Ainda na mudança do código florestal, tirou-se a proteção das áreas de chapadas, o que também contribuiu com o desmatamento. Para somar, há muito desmatamento ilegal em Mato grosso e quando fazemos uma projeção até 2030, mantidos a tendência atual, estamos falando de cerca de novos 500 mil campos de futebol desmatados.”
 
A finalização do evento ficou por conta da professora-pós-doutora Eliana Paixão, que que abordou o tema ‘A flora do Cerrado e suas potencialidades.’ Segundo ela, a flora, independente da formação do bioma, é um dos componentes indispensáveis para a formação do ambiente. “O Cerrado é a única formação que está presente nas cinco regiões do Brasil. Quando a gente pega um mapa não é possível observar, mas se andarmos um pouco pela região do Paraná, Rondônia, Amapá, Bahia dentre outros. A planta do Cerrado é formada por aproximadamente 12 mil espécies, sendo 4,5 mil endêmicas da região.”
 
Ela citou ainda as propriedades secundárias das plantas do Cerrado, ou seja, além da alimentação, para a produção de remédios, combate de pratas e ornamentos. “A fauna depende essas plantas. A marmelada, a Psiddium calleianun, a Annona crassifora e a Bobeuia aurea, por exemplo, além da alimentação da fauna, têm potencialidade farmacológica. O Jatobá serve para dor de estômago, o Para Tudo (Bobeuia aurea), serve para tudo mesmo. Estudos mostram ainda as potencialidades metabólicas das plantas, para combater pragas, e de forma ornamental para paisagismo.”
 
Todas as palestras estão disponíveis no canal oficial do TJMT no YouTube. Clique AQUI.
 
Keila Maressa
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br