Dois acusados de cometer chacina em Aripuanã enfrentam Tribunal do Júri nesta segunda-feira
Ocorre nesta segunda-feira (13 de
outubro), no Fórum de Aripuanã (976 km de Cuiabá), o Tribunal do Júri dos réus
Jacó Nascimento de Melo e Jânio Domingos de Brito pelos crimes de sequestro,
homicídio mediante recompensa, com emprego de meio cruel e à emboscada
cometidos contra Elzilene Tavares Viana (conhecida como Babalu), 31; o marido
dela, Leôncio José Gomes (conhecido como Malhado), 40; o filho dela, Luiz Felipe
Viana Antônio da Silva, 19; e Jonas Santos, 25, supostamente por disputa por
exploração de garimpo em Aripuanã. Além disso, o réu Jacó Nascimento também
responde pelo crime de estupro.
A sessão de julgamento será presidida
pela juíza Rafaella Karla de Oliveira Barbosa, que informa, devido à
competência territorial, serão julgados em Aripuanã os crimes de sequestros e
homicídios. Já o crime de estupro foi desmembrado para a Comarca de Juína, onde
foi cometido. Os réus estão presos em outros estados e foram levados para
Aripuanã para serem julgados presencialmente. Jacó está preso no estado de São
Paulo e foi buscado pela Polícia Penal de Mato Grosso. Jânio está preso em
Goiás e foi trazido pela Polícia Militar daquele Estado.
Além dos réus, estão previstas as
oitivas de quatro testemunhas arroladas pelo Ministério Público e quatro
testemunhas arroladas pela defesa de Jânio. Nesta sessão de julgamento, o
Ministério Público é representado pelo promotor de justiça William Johnny Chae.
A defesa do acusado Jânio Domingos de Brito é exercida pelos advogados Saulo
Silva Espírito Santo e Dayane Cristina Gonçalves de Oliveira Vilela. A defesa
do acusado Jacó Nascimento de Melo é exercida pela defensora pública Ana
Cristina Malta Diniz.
Ao
chegarem ao local, as vítimas foram cercadas pelos criminosos, que estavam
armados com armas de fogo, e rendidas para que descessem do veículo.
Consta ainda na denúncia do Ministério
Público que, ao desembarcarem, as vítimas foram ameaçadas e enganadas com a
informação de que os acusados se tratavam de policiais, os quais, em tese,
iriam lhes encaminhar até a Delegacia de Polícia da cidade de Juína para
checarem informações de possíveis delitos que as vítimas pudessem estar
envolvidas, momento em que algemaram Jonas e Leôncio em um par de algemas e
Elzilene e Luiz Felipe em outro, deixando apenas a vítima Laurilene, esposa de
Jonas, livre.
Em seguida, as vítimas foram colocadas
nos veículos, sendo que Elzilene, Luiz Felipe e Laurilene foram colocadas no
veículo dos denunciados Jacó e Jânio, enquanto que Jonas e Leôncio foram
colocados no automóvel dirigido por Josué e Gedeon.
Em seguida, as vítimas foram levadas
até uma estrada rural erma, sentido Distrito de Tutilândia, local onde os
acusados interromperam a viagem e levaram as vítimas Elzilene Tavares Viana,
Leôncio José Gomes, Luiz Felipe Viana Antônio da Silva e Jonas Santos até a
entrada de uma mata e as executaram com diversos disparos de arma de fogo,
livrando apenas Laurilene da morte em razão de estar gestante. A denúncia
ressalta Laurilene, única sobrevivente do atentado, narrou de forma clara a
forma como ocorreram as ameaças, com armas de fogo apontadas para suas cabeças
e obrigadas a adentraram nos veículos.
Motivação
do crime - Consta na denúncia
que as execuções de Elzilene e Leôncio teriam sido encomendadas por suposto
desentendimento das vítimas com Leandro Ribeiro Mendes, diante da disputa por
terras e domínio do garimpo localizado na serra na entrada de Aripuanã. Leandro
teria contratado Josué para realizar os assassinatos, tendo-lhe pago a quantia
de R$ 120 mil, bem como fornecido as armas de fogo utilizadas nos crimes. Por
sua vez, Josué teria se encarregado de contratar seus comparsas, Jacó e Jânio,
que teria recebido valores diferentes pelo serviço.
Após a contratação, Josué teria
reunido o grupo, que se dirigiu até a cidade de Aripuanã, onde permaneceram por
aproximadamente 10 dias até a data dos crimes, Nesse período, o grupo teria se
reunido com Leandro em diversas oportunidades, momentos em que Gedeon Ribeiro
Mendes, o qual seria “pistoleiro” de Leandro, aproveitou para lhes entregar a
caminhonete, cor branca, modelo S10, e as armas utilizadas nos assassinatos.
Consta na denúncia que o filho de
Elzilene e Jonas, que estaria em seu segundo dia de trabalho junto com o casal,
foram mortos apenas por estarem juntos no mesmo veículo.
De acordo com a denúncia, após
executarem as vítimas, os denunciados deixaram o local, acompanhados da vítima
Laurilene, que permaneceu com os acusados e demais comparsas no veículo da
vítima Elzilene. No trajeto da fuga, o denunciado Jânio e o comparsa Josué
foram deixados em um posto de gasolina, em Juruena, os quais retornaram ao
local do crime e queimaram a caminhonete modelo S10, cor branca, na tentativa
de dificultar a investigação criminal.
Por sua vez, o denunciado Jacó e o
comparsa Gedeon, junto à vítima Laurilene, prosseguiram com a fuga sentido
Juína.
Estupro
– A Ministério
Público aponta ainda que, no mesmo dia das execuções, 21 de novembro de 2020,
já no período noturno, em um hotel no município de Juína, o acusado Jacó
Nascimento de Melo constrangeu, mediante grave ameaça, a vítima Laurilene
Vieira Viana a ter conjunção carnal consigo.
Conforme testemunho da vítima, depois
que Jacó e seu comparsa Gedeon deixaram os demais comparsas no posto de
gasolina em Juruena, eles seguiram rumo à Juína, sendo que alguns quilômetros
antes de chegarem ao destino, sofreram um acidente com o veículo da vítima
Elzilene, momento em que eles se separaram, tendo Jacó ficado encarregado de
levar Laurilene até Juína e encaminhá-la para seu estado de origem, o Pará.
Diante dos fatos, ao chegarem em Juína, eles foram até um hotel próximo da
rodoviária, e ficaram em um quarto no hotel, tendo a vítima a Laurilene permanecido
refém do denunciado no local.
No quarto do hotel, o acusado,
mediante coação e ameaça, forçou a vítima a manter relação sexual com ele,
dizendo que “se a vítima quisesse ir embora de boa teria que ficar com ele”.
Após estuprar a vítima, o denunciado Jacó comprou a passagem de ônibus para a
vítima e lhe deu R$800,00, sendo em seguida liberada pelo denunciado.
Destaca-se, por fim, que o denunciado, a fim de amedrontar a vítima, tirou
fotos de seus documentos pessoais e lhe suprimiu o aparelho celular, impedindo
que ela mantivesse contato com terceiros. Como este crime de estupro foi cometido em Juína, foi desmembrado do processo do Tribunal do Júri e Jacó será julgado naquele município.
Acusados
mortos - O suposto
mandante do delito, Leandro Ribeiro Mendes, foi assassinado em setembro de
2023. O comparsa Gedeon Ribeiro Menezes foi morto em 15 de fevereiro 2022; e
Josué do Nascimento Melo foi assassinado no ano de 2021, no estado do Pará.
Celly Silva
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br
28/01/2025 08:11
Fórum de Cuiabá vai realizar 12 sessões do Tribunal do Júri em fevereiro
15/01/2025 09:20
Tribunal do Júri de Rondonópolis condena réu a mais de 21 anos de reclusão
13/11/2025 08:26
Júri do duplo homicídio no Shopping Popular continua hoje; acompanhe atualizações em tempo real











