TJMT inicia curso de letramento racial com reflexões sobre práticas antirracistas
Teve início nesta
segunda-feira (2 de junho) o Curso de Letramento Racial e Antirracismo,
promovido pelo Comitê de Promoção da Equidade Racial do Poder Judiciário de
Mato Grosso. Voltada a magistrados, servidores e colaboradores, a formação visa
fomentar práticas inclusivas e combater o racismo estrutural dentro do sistema
de Justiça. A primeira aula, ministrada de forma on-line, foi conduzida pela
professora doutora Silviane Ramos, referência nacional nas áreas de sociologia,
educação e relações étnicos-raciais.
Letramento
racial: educação como instrumento de transformação
Na abertura da aula
inaugural, Silviane Ramos destacou que o letramento racial vai além da
informação: trata-se de uma educação formativa, que se propõe a transformar
mentalidade e romper com a naturalização de estruturas racistas no cotidiano.
“As mudanças não acontecem
apenas nos grandes discursos, mas nas microssocializações, nos detalhes da
linguagem, nas escolhas pedagógicas e nas formas de convivência”, afirmou a
professora.
Ela enfatizou a importância
de reconhecer e valorizar a produção intelectual negra no Brasil. Entre os
nomes citados como fundamentais para a compreensão do racismo estrutural, estão
Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva,
Djalmila Ribeiro, Silvio Almeida e Bárbara Carine, vencedora do Prêmio Jabuti.
“Precisamos conhecer esses
autores, que nos ajudam a entender o país que somos e o Judiciário que queremos
construir”, pontuou Silviane.
Desnaturalizar
o racismo no cotidiano institucional
A professora também abordou
o conceito de “educação formativa” como alternativa à ideia de "reciclagem
profissional", muitas vezes usada de forma pejorativa.
“Não se trata de reciclar
pessoas, mas de transformar práticas, de ampliar consciências e de promover uma
escuta ativa e antirracista”, explicou.
Durante a exposição,
Silviane chamou a atenção para a importância das bancas de heteroidentificação
como ferramenta de justiça reparadora e refletiu sobre a forma como as
instituições lidam com a identidade racial.
“Lélia Gonzalez dizia que as
pessoas negras precisam apresentar nome e sobrenome porque os nossos nomes de
origem nos foram tirados. É um gesto político de existência”, lembrou.
Judiciário
como agente de justiça racial
A aula também contou com a
presença do desembargador Juvenal Pereira da Silva, presidente do Comitê de
Promoção da Equidade Racial do TJMT, que parabenizou a professora e destacou a
importância da formação continuada sobre o tema.
“Há uma outra visão sendo
construída aqui. O Judiciário precisa dessa ampliação de horizonte. Parabéns a
todos os envolvidos. Estarei presente nas próximas aulas”, afirmou o
magistrado.
Próximos
encontros e encerramento
A programação segue nos dias
5 e 6 de junho, com temas voltados à atuação institucional e aos fundamentos do
antirracismo na prática judicial. O encerramento no dia 13 será presencial, com
palestras de especialistas, lançamento de campanha institucional, feira de
afroempreendedorismo e uma roda de vivências com lideranças sociais.
Flávia Borges
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br
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