Tecnologia e Compliance no Agro: desafios e oportunidades em debate em Seminário Internacional
O
avanço tecnológico e a adoção de práticas de compliance, governança e
integridade no setor agropecuário foram temas centrais do segundo painel do
“Seminário Internacional Multidisciplinar do Agronegócio”, realizado nesta
sexta-feira (23 de maio), em Cuiabá. Sob o tema “Tecnologia e Compliance no
Agronegócio: Desafios Legais e Oportunidades”, o debate reuniu especialistas do
Direito, representantes do setor produtivo e magistrados, destacando os
impactos da transformação digital na dinâmica jurídica e econômica do
agronegócio brasileiro.
O
painel foi conduzido pelo ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), que fez uma reflexão profunda sobre como a transição da era
analógica para a digital impacta não apenas o setor produtivo, mas também o
próprio sistema de justiça, a elaboração de contratos e a resolução de
disputas.
“Vivemos
um momento de inflexão histórica. A digitalização afeta todos os setores da
sociedade, e o agronegócio, como um dos pilares da economia nacional, precisa
estar alinhado às melhores práticas de governança, compliance e sustentabilidade.
O novo Código Civil, cuja revisão está em andamento, deverá trazer atualizações
importantes para regular contratos e relações jurídicas cada vez mais
sofisticadas no agro”, afirmou o ministro.
Salomão
destacou que, diante de um ambiente de negócios cada vez mais conectado, com
cadeias produtivas integradas nacional e internacionalmente, o rigor nas
práticas de transparência, integridade e prevenção de riscos jurídicos se
tornou não apenas um diferencial, mas uma exigência dos mercados.
Mato Grosso na
vanguarda do agro digital
Presidindo
a mesa, o desembargador Lídio Modesto da Silva Filho, do Tribunal de Justiça de
Mato Grosso (TJMT), ressaltou que discutir tecnologia, compliance e segurança
jurídica no agronegócio não é apenas necessário, mas estratégico para um estado
como Mato Grosso — líder nacional em produção de grãos, carne e fibras.
“Este
seminário se propõe a ser um espaço de democratização do conhecimento. Estamos
reunindo ministros, magistrados, advogados e produtores para discutir as novas
fronteiras do agronegócio brasileiro, que não são mais apenas físicas, mas
digitais, contratuais e ambientais. Isso é essencial não só para o setor
produtivo, mas para toda a sociedade”, afirmou o magistrado.
O
desembargador também reforçou que a era digital traz enormes oportunidades, mas
impõe desafios igualmente grandes, sobretudo no campo jurídico, regulatório e
na proteção de dados.
Desafios
regulatórios e experiências práticas
A
advogada Juliana Zafino, representante da OAB-MT, trouxe à discussão uma
análise sobre os desafios regulatórios que surgem com a adoção acelerada de
tecnologias no campo, especialmente no que tange à proteção de dados, contratos
digitais, rastreabilidade de produtos, certificações e adequação às exigências
de mercados internacionais.
O
produtor rural Alexandre Schenkel complementou a análise com um olhar prático,
compartilhando sua experiência na implementação de tecnologias de gestão,
automação agrícola e programas de compliance na atividade agropecuária.
Inovação, segurança
jurídica e sustentabilidade
O
painel também abordou como as inovações tecnológicas — como inteligência
artificial, análise de dados, drones, sensores e blockchain — vêm
revolucionando não apenas a produção no campo, mas a própria gestão jurídica
dos negócios agropecuários.
Essas
ferramentas são aliadas não só para aumentar eficiência, reduzir custos e
otimizar processos, mas também para mitigar riscos, assegurar conformidade com
legislações ambientais, fiscais, sanitárias e comerciais, e ampliar a
competitividade do setor no cenário internacional.
Integração entre
Judiciário, setor produtivo e operadores do Direito
Assim
como nos demais debates do seminário, o painel reforçou a necessidade de uma
atuação conjunta e alinhada entre o Poder Judiciário, os operadores do Direito
e o setor produtivo. O objetivo comum é construir soluções que garantam um
ambiente de negócios juridicamente seguro, tecnologicamente avançado e alinhado
às exigências de sustentabilidade e governança, que são hoje parâmetros
globais.
O “Seminário Internacional Multidisciplinar do Agronegócio”, promovido pela Famato e pelo Senar-MT, com apoio da Esmagis-MT, consolida-se como um espaço estratégico de construção de conhecimento e de fortalecimento institucional, essencial para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades de um agronegócio cada vez mais conectado, competitivo e sustentável.
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Flávia Borges / Foto: Josi Dias
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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