Workshop da Comarca de Rondonópolis debate adoção e proteção infantojuvenil
A programação do workshop "Faça
Bonito – Corações que Acolhem - Bases sólidas para adoção e proteção às
crianças e adolescentes", seguiu durante a tarde desta sexta-feira (09 de
maio) com o debate de dois temas que capturaram a atenção dos participantes. O
evento, que está sendo realizado no Tribunal do Júri do Fórum da Comarca de
Rondonópolis (202 km de Cuiabá), tem como participantes acadêmicos de
Psicologia, Pedagogia e Direito, além de ser parte do processo de habilitação
para famílias interessadas em adoção.
Inicialmente, a psicóloga Ana
Letícia Bonfanti conduziu uma reflexão sobre a prevenção e o enfrentamento da
violência sexual infantojuvenil, sob o tema "Faça Bonito – refletindo
sobre violência sexual contra crianças e adolescentes". Em seguida, a
psicóloga Gleiciele de Oliveira Silva explorou os fundamentos essenciais para
uma adoção bem-sucedida e que garanta a proteção integral de crianças e
adolescentes, na palestra "Adoção – bases sólidas para real proteção à
criança e ao adolescente".
O evento é realizado pela Vara de
Infância e Juventude de Rondonópolis em parceria com o Ministério Público, o Grupo
de Apoio à Adoção, a Procuradoria de Justiça e a 1ª Subseção da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB/MT) e tem como público, além dos acadêmicos, especialistas
da área, para debater questões relevantes como a entrega voluntária e o Pacto
da Primeira Infância.
“Refletindo sobre violência
sexual contra crianças e adolescentes”
A psicóloga Ana Letícia Bonfante,
da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Rondonópolis, participou do
workshop para falar sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes,
como identificar possíveis vítimas e os caminhos para a prevenção. A palestra
foi pensada em alusão ao Dia do Combate ao Abuso Sexual de Crianças e
Adolescentes (18 de maio).
Identificação
Para a psicóloga, a melhor forma
de identificação é que a criança se sinta segura para revelar a violência
sofrida, pois outros indicativos podem estar ligados a diferentes formas de
sofrimento psíquico. Ela enumerou alguns sinais, como regressões de
comportamento, medo excessivo, conhecimento inadequado sobre atos sexuais para
a idade, dificuldades de aprendizagem e de relacionamento. “Esses sinais não devem ser interpretados
isoladamente, mas a escuta ativa da criança é fundamental para que se sinta
segura e confortável para falar”.
Prevenção
Quanto à prevenção, Ana Letícia
destacou a importância da promoção de eventos, como o workshop, e levar a
discussão sobre violência sexual para as escolas, comunidades e bairros,
focando na informação e no fortalecimento da rede de proteção. “Uma rede
fortalecida, de alguma forma, contribui para evitar novos casos de violência.
Além disso, uma educação cada vez mais igualitária para crianças e adolescentes
contribui definitivamente para evitarmos possíveis violências”.
“Adoção – bases sólidas para
real proteção à criança e ao adolescente”
A palestra da psicóloga Gleiciele
de Oliveira Silva explorou os fundamentos para uma adoção bem-sucedida e que
garanta a proteção integral das crianças e adolescentes. Com o tema, ela
apresentou a adoção não como um mero ato legal ou um gesto de afeto, mas como
um processo de inclusão subjetiva e social. A presidente do GAAR, Marcia
Matsumoto Alves Batista, participou como mediadora.
A psicóloga iniciou a reflexão afirmando
que, ao acolher uma criança ou adolescente por meio da adoção, a sociedade está
na verdade, atuando na reparação de histórias marcadas por perdas, abandono e,
em muitos casos, negligência. Sob essa ótica, a adoção se configura como um
potente caminho para a reconstrução de vínculos afetivos e da própria
identidade da criança ou adolescente.
“Do ponto de vista psicológico, a
inclusão pela adoção significa oferecer pertencimento, escuta, estabilidade
emocional e reconhecimento. Trata-se de garantir que essa criança possa, enfim,
sentir-se parte de um núcleo, desenvolver a autoestima e a capacidade de
confiar no outro”, explicou ela.
Gleiciele de Oliveira falou
também sobre a importância de compreender que a adoção não tem o poder de
apagar a história pregressa da criança. Ao contrário, o processo de inclusão
bem-sucedido passa pela integração dessa história à nova realidade familiar. A
psicóloga ressaltou que um dos maiores desafios para as famílias adotivas é,
justamente, acolher a criança real, com as vivências, as marcas emocionais e as
necessidades específicas, e não apenas a imagem idealizada de um filho.
“Por isso, a psicologia tem um papel essencial em todo esse processo. Ajuda as famílias a compreenderem as motivações, elaborarem as expectativas e desenvolverem recursos emocionais para lidar com os desafios da parentalidade adotiva. Incluir, no contexto da adoção, é aceitar a diversidade das histórias e garantir o direito de cada criança a ser amada, reconhecida e pertencente”, concluiu a palestrante.
Comarca de Rondonópolis reúne especialistas para discutir adoção e proteção infantil
Marcia Marafon / Foto: Josi Dias
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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