União do sistema de justiça garante guarda de menino ao avô durante Expedição na fronteira
Uma das
características marcantes da Expedição Justiça Sem Fronteiras, realizada pelo
Poder Judiciário de Mato Grosso entre os dias 1 a 9 de julho, foi a união de
esforços entre os mais de 40 parceiros, que levaram serviços de Justiça,
Cidadania, Saúde, Educação e Sustentabilidade às populações de fronteira entre
Brasil e Bolívia, que vivem nos municípios de Cáceres, Porto Esperidião e Vila
Bela da Santíssima Trindade.
Essa união entre todo
sistema de justiça estadual, composto pelo Poder Judiciário, Ministério Público
e Defensoria Pública, proporcionou a dezenas de famílias a solução de conflitos
que se arrastavam por anos. Um desses casos foi o levado pelo lavrador Manoel Messias
de Oliveira, 64, que juntamente com sua esposa, Suely Carlos Souza de Oliveira, 57, procurou
o mutirão da Justiça Sem Fronteiras, no distrito de Santa Clara do Monte Cristo,
para solicitar a guarda de seu neto, Gabriel, de
9 anos.
Moradores da comunidade As Cruzes, distante quase 30 quilômetros de Santa
Clara, o casal cuida do netinho desde quando ele tinha apenas 8 dias de
nascido, quando a mãe (filha do casal) partiu para a Guiana Francesa. “Pra
não deixar ele sofrendo por aí, eu preferi cuidar do meu neto porque é meu
sangue, né?”, afirma seu Manoel.
No mutirão da Justiça Sem Fronteiras,
o lavrador foi atendido, na mesma sala, pelas equipes da Defensoria Pública
Estadual (que deu entrada na ação para solicitar a guarda da criança para o
avô), do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania do TJMT (que deu
tramitação ao processo), do Ministério Público Estadual (que deu parecer
favorável à concessão da guarda) e, por fim, pelo juiz José Antônio Bezerra Filho, coordenador da Justiça Comunitária e da
Expedição Justiça Sem Fronteiras, que assinou a sentença que deu ao avô
a guarda provisória do menino. Todo procedimento foi realizado nos dois dias em
que a Expedição passou pelo local.
“Eu vim
aqui mode ver se eu adquiria um documento para poder andar com meu neto, porque
é meu filho, porque desde recém-nascido que tá comigo. [...] Pela bondade e
misericórdia de Deus e o esforço de vocês, hoje eu consegui um papel que
realmente nos apoia. Fizeram esse mutirão aqui para nos apoiar nas nossas
dificuldades, que nós antes não tinha como ir lá em Vila Bela. Hoje eu tô
com a guarda provisória do meu neto. E quero dizer para vocês que ‘tamo’ contente,
porque hoje ele se sente alegre, e mais alegre sinto eu [sic]”, declarou o avô.
A felicidade da família contagiou a todos os presentes,
incluindo o magistrado. “Imagina só a distância que nós estamos aqui
da Comarca de Vila Bela de Santíssima Trindade: 200 quilômetros! Também a 200
quilômetros de Pontes e Lacerda, a outra Comarca. Quando o Poder Judiciário chega
com todo sistema de justiça, inserido num só propósito, a legalidade do ato em si é muito mais célere! E aqui nós resolvemos situações
que, uma vez judicializadas, levariam meses a ter uma solução”, afirma o juiz José
Antônio Bezerra Filho.
Para
ele, as homologações de acordos e sentenças proferidas no projeto Justiça Sem
Fronteiras mostram que é possível fazer a diferença. “Nós estamos aqui
justamente trazendo a Justiça ao encontro do cidadão. São casos aparentemente
simples, mas que para essas famílias significam muito! Eu fico agradecido, primeiramente
a Deus, por saber que é possível e confiar essa missão junto com essas parcerias
maravilhosas que engrandecem a Justiça Sem Fronteiras”, disse emocionado.
De
acordo com o defensor público Antônio Góes de Araújo, que atuou na causa do
senhor Manoel, casos como o dele
aportam rotineiramente na instituição, mas não oriundos de pessoas que vivem em
locais tão distantes, como os que receberam a Expedição Justiça Sem Fronteiras.
“Ele procurou o mutirão e já saiu daqui com uma guarda regularizada, com um
documento legal. Então, a gente percebe celeridade. E o que marca nesse tipo de
atendimento é resolver a situação efetivamente, justamente para tentar
minimizar a situação da distância dessa população em relação ao centro de
atendimento”, disse.
O
defensor público ressalta a importância da presença de todos os atores da
Justiça durante a Expedição Justiça Sem Fronteiras. “Foi só essa união que
propiciou essa celeridade, de resolver de maneira imediata uma situação que já
vinha se arrastando por anos e que a pessoa não conseguia resolver por causa da
distância. Então é uma iniciativa que realmente surte efeito e traz grandes
ganhos a essa população”.
Promotor de justiça Saulo Pires de Andrade
Martins, da 1ª Promotoria Cível de Cáceres, foi o responsável por avaliar o
processo do ponto de vista dos interesses da criança, chegando à conclusão de
que o melhor seria ficar com o avô. “Pra mim, enquanto
representante do Ministério Público, é motivo de muita satisfação trabalhar em
casos como esse. E nós tivemos tantos outros que indicam a importância do
Justiça Sem Fronteiras, uma vez que são pessoas que moram em regiões
longínquas, possivelmente acabam não indo à sede da comarca e, por conta desse
projeto, da vinda dos órgãos até aqui, eles podem ter a justiça sendo realizada.
Então, é um motivo de muita satisfação poder participar disso”, declarou.
Justiça Sem Fronteiras – A expedição é um projeto inédito promovido
pela Justiça Comunitária, do Poder Judiciário de Mato Grosso, juntamente com
dezenas de parceiros, levando serviços nos eixos de Justiça, Cidadania, Saúde e
Educação para os distritos de Agrovila Nova Esperança, em Cáceres; Vila Picada,
em Porto Esperidião; e Santa Clara do Monte Cristo, em Vila Bela da Santíssima
Trindade, entre os dias 1 a 9 de julho.
A Expedição Justiça Sem
Fronteiras se destaca como uma das mais abrangentes ações de inclusão social do
Judiciário mato-grossense, reafirmando o papel da Justiça como instrumento de
transformação e proximidade com o cidadão.
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Celly Silva / Foto: Josi Dias
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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