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12.03.2018 15:56

Mutirão contra violência supera expectativas
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Encerrou nessa sexta-feira (9 de março) o Mutirão do Sistema de Justiça Pela Paz em Casa em Cuiabá, na Arena Pantanal. A ação idealizada pela Coordenadoria Estadual da Mulher do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (Cemulher) superou as expectativas dos organizadores quanto à conscientização e o fim do ciclo de violência contra a mulher.
 
O mutirão foi uma ação inédita em Mato Grosso que visa reduzir o número de inquéritos represados na Delegacia da Mulher, uma iniciativa do Poder Judiciário em parceria com outras instituições. O evento contou com o apoio do Governo do Estado e a contribuição da Corregedoria-Geral da Justiça de Mato Grosso (CGJ-MT).
 
No balanço provisório, ainda no início da tarde de sexta-feira, mais de 600 distribuições já haviam sido realizados entre os dias 5 e 9 de março, dentre inquéritos policiais novos relatados, inquéritos policiais com oferecimento de denúncia, medidas protetivas, flagrantes, quebras de medidas e cartas precatórias.
 
Para a coordenadora Estadual da Mulher em Situação de Violência Domestica e Familiar (Cemulher), desembargadora Maria Erotides Kneip, os números são muito bons e essa integração, entre todas as instituições, em rede, só funcionou porque pode haver atendimento instantâneo. “O que nós vimos na Arena, deu uma resposta a pelo menos 600 famílias cuiabanas. Não é justo que a mulher tenha que ultrapassar todos os sentimentos que envolvem o cidadão, que ao mesmo tempo é seu agressor e pai dos seus filhos, tenha que esperar. Precisamos estar trabalhando em sintonia e de preferência no mesmo lugar.”
 
A defensora pública do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem), do Estado de Mato Grosso, Maila Cassiano Ourives, ressalta que o resultado foi excelente. Durante a semana o órgão deu orientações às mulheres, acompanhou algumas audiências e fez o acolhimento às vítimas de violência. “As mulheres, diante do deferimento de medidas protetivas, já se sentiram, protegidas, mais seguras. Elas viram na prática o que a lei determina. Nós, da Defensoria Pública, do Núcleo de Defesa da Mulher, atendemos em torno de 50 mulheres ao longo da semana. Então só temos que agradecer por ter participado do projeto.”
 
De acordo com a assistente social da Secretaria de Assistência Social e Desenvolvimento Humano do município, Vera Lúcia Martins Pereira, o balanço é muito positivo, uma vez que a rede de atendimento à mulher em situação de violência não trabalha sozinha, não é só uma instituição. “Saímos daqui com bastantes perspectivas de melhoria. Nós recebemos as famílias, muitas vieram de forma espontânea, outras que já estão em situação de recolhimento e outras que vieram encaminhadas pelas instituições que estão aqui presentes. E queremos dar continuidade no atendimento com a família, tentando romper o ciclo da violência.”
 
Uma das vítimas de violência contra a mulher, Dona Maria* [*nome fictício], esteve presente no mutirão para saber informações sobre um processo. Ela denunciou o marido há um ano pela Lei Maria da Penha. Segundo Dona Maria, durante os quase 19 anos em que foi casada, apanhou do marido, que a batia toda vez que ingeria bebida alcóolica. Ela encorajou as mulheres a não se calarem e denunciarem as agressões sofridas. “Ele saia pra farra, ficava sexta, sábado e domingo, aí gastava todo o dinheiro e eu ficava passando fome com as crianças que eram pequenas. Uma vez ele queria me pegar no banheiro, aí ele pegou minha cabeça e rufou na parede, querendo ter relação. Eu não me arrependo, não. Todas as mulheres têm que dar parte, não podem ficar apanhando a vida inteira. Já sofri bastante, não quero mais. Eu não aceito mais ninguém bater em mim, hoje eu vivo bem com meus filhos.”
 
Participaram como parceiros do mutirão da 10ª Semana da Justiça pela Paz os juízes das varas especializadas de Violência Doméstica e Familiar contra Mulher, delegados da Delegacia da Mulher, secretários (municipais e estaduais), defensores públicos do Núcleo de Defesa da Mulher, Governo do Estado, Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público, OAB-MT, Prefeitura de Cuiabá, Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec).
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Marco Cappelletti/ Fotos: Tony Ribeiro (F5)
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