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Poder Judiciário de Mato Grosso

 
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03.06.2016 18:10

Curso de Direito Sistêmico humaniza Judiciário
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Após cinco meses de aprendizado e reflexão, o Curso Básico de Direito Sistêmico chega ao seu quinto e último módulo, nesta sexta e sábado (03 e 04 de junho), na Escola dos Servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), com o tema “Possibilidades do Direito Sistêmico”. E como não poderia deixar de ser, visto que é uma das marcas do Direito Sistêmico, a emoção tocou os participantes, em especial a conciliadora do Juizado Especial Itinerante (JEI), Fabiana Nogueira.

Durante uma das dinâmicas de grupo, a servidora e suas colegas foram tomadas por tamanha emoção, que um exercício evoluiu para uma constelação familiar. “É algo muito forte! A técnica me levou a sentir profundamente questões que estavam escondidas há anos dentro de mim, mas que me impactavam muito. Tirou um peso de anos de sofrimento que eu sentia. Gostaria de ter feito esse curso antes. Espero seguir mais leve daqui em diante”, desabafou.

Além de trazer bem-estar para a servidora, ela conta que o curso também contribuiu para ampliar a visão dela diante dos conflitos que chegam ao ônibus do JEI. “Quando as partes chegavam para a audiência de conciliação, eu tinha uma postura de julgá-las logo nas primeiras falas. Com o curso, deixei de querer julgar e passei a querer entender mais o que leva as pessoas a agirem como agem. Pensar que talvez ela venha de situações sociais ou familiares que a levaram a viver aquilo. Agora vou refletir sobre como posso ajudar o agressor para que ele não volte a cometer o mesmo erro, através dos exercícios e técnicas que aprendi”, revelou.

Precursor do Direito Sistêmico no Brasil e instrutor do curso, o juiz Sami Storch veio diretamente da Bahia para capacitar os alunos. Segundo ele, uma das bases do direito sistêmico é considerar a pessoa pela bagagem familiar que ela traz. “Um indivíduo não pode ser tratado isolado, ele tem que ser encarado como um sistema, formado por ele próprio, pelo pai e pela mãe. Muitas pessoas ingressam com processos na Justiça por conta de um motivo, mas quando é feita a análise mais profunda, é possível verificar que o problema maior é que elas foram desconsideradas pelo outro ou sofreram um gesto de não reconhecimento. O direito sistêmico ajuda as pessoas a terem mais equilíbrio na vida e diante das situações que se apresentam”, explicou.

Sobre a aplicação prática das técnicas, ele destacou que além de ampliar a visão e o conhecimento sobre as leis que regem os relacionamentos humanos, elas capacitam os usuários a atuarem com mais qualidade na mediação dos conflitos. “O Judiciário está passando por uma reforma profunda no Brasil, no sentindo de tornar-se mais humanizado e sintonizado com essa necessidade de mudança da população. A Justiça Restaurativa e as Constelações vêm sendo abraçadas por diversos tribunais no país e Mato Grosso é um dos pioneiros deste movimento. É uma nova solução para um novo tempo que estamos vivendo”, pontuou.

De fora - Vinda do Rio Grande do Sul especialmente para o curso, a juíza Lizandra dos Passos, que atua na Vara Integrada de Parobé, achou o curso excelente. “Temos um projeto há quase um ano em Capão da Canoa que se chama Justiça Sistema. Ele trabalha com as constelações familiares na área da infância e juventude, violência doméstica e família em geral, e o curso está me proporcionado aprofundar ainda mais esse olhar sistêmico sobre as questões judiciais. Mato Grosso já está bem à frente na utilização desta técnica, na medida em que está capacitando os seus magistrados e servidores a atuar com ela”, frisou.

A desembargadora Clarice Claudino da Silva, presidente do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) do TJMT, também participou do curso. Para ela, a capacitação auxilia a melhorar o processo de modernização do Poder Judiciário com novas práticas. “Esses cursos tem uma grande valia para abrir as nossas mentes. Nós precisamos trazer novos olhares para as pessoas, problemas e desafios. E esse curso teve essa grande vantagem. A maioria das pessoas não sai daqui do mesmo jeito que entrou. É uma experiência maravilhosa e que faz com que a gente perceba que tudo é energia”, assinalou.

A desembargadora ressaltou ainda os bons resultados que vem sendo obtido por meio da técnica em Mato Grosso. “Assim que começaram a ver o trabalho científico das constelações muitos aderiram e muitos estão na fila aguardando uma oportunidade para aderir. O Centro Judiciário de Solução de Conflitos (Cejusc) da Infância e Juventude tem sido um grande laboratório neste sentido. É uma benção na vida de muita gente poder ser percebido e trabalhado não só na perspectiva de tentar recuperar os adolescentes, mas também para unir a família e resgatar os laços”, relembrou.

O curso - Iniciado em fevereiro deste ano, o curso Básico de Direito Sistêmico foi dividido em cinco módulos para um grupo de 93 pessoas, formado por magistrados, psicólogos, assessores, advogados e servidores. Além do juiz Sami Storch, apresentaram os módulos os coaches Almir Jodat Nahas e Gianeh Borges.

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Mariana Vianna
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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