Desembargador fala sobre Justiça Restaurativa

O magistrado fez uma análise crítica daquilo que existe hoje no sistema criminal tradicional e discorreu sobre novas ideias que estão surgindo. São inovações que precisam ser feitas porque, segundo ele, há muitos anos, para o Direito Penal, uma pessoa precisa apenas ser investigada, ter a culpa analisada e punida. “E na verdade o mundo vai evoluindo e hoje se percebe que o retorno que o Estado precisa dar é uma resposta mais efetiva e que atenda os interesses das pessoas, principalmente em relação à vítima”, continuou.
Na avaliação de Bacellar, a vítima precisa ter uma participação mais ativa, dizer o que ela quer e quais as suas expectativas, daí o termo restauração (da vítima nos seus interesses) ao invés de retribuição. “O próprio ofensor, algumas vezes, também precisa ser ouvido de uma maneira diferente para que aquela conduta não mais se repita. Parece um paradoxo, mas temos que dar um passo atrás, voltar ao exemplo das primeiras nações para poder reconstruir uma justiça criminal que faça sentido para todos, não só para o réu, mas também para a vítima”, acrescentou.

Debater o assunto num encontro que envolve magistrados, gestores e servidores que trabalham com as ferramentas de pacificação social, conforme disse Roberto Bacellar, é vencer desafios e preconceitos. “Muitas vezes o juiz, o promotor de justiça e até mesmo o servidor não acredita que seja possível, com a legislação existente, fazer alguma coisa diferente. Entretanto, é possível sim fazer alguma coisa, não só na área da infância e adolescência ou dos Juizados Especiais, mas em todas as áreas, com base na própria Constituição da República em um fundamento antropológico como o chamado dignidade da pessoa humana. Eu posso me embasar nesse princípio maior e fazer a diferença entre aquilo que é uma promessa estampada na lei e a realidade que interessa ao cidadão”, finalizou.



Também participaram do evento a desembargadora Helena Maria Bezerra Ramos, o juiz coordenador do Nupemec, Hildebrando da Costa Marques, a juíza auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça Jaqueline Cherulli, a defensora pública Elianete Nazário, que na oportunidade representou o defensor público-geral, Silvio de Santana, e o juiz da Segunda Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra Mulher de Cuiabá, Jeverson Luiz Quinteiro.
Veja mais sobre o assunto:
Dani Cunha/Fotos: Otmar de Oliveira (F5)
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br
(65) 3617-3393/3394/3409