Grupo de Monitoramento comemora resultados das ações educativas junto aos privados de liberdade
Educação é um
direito e uma ferramenta poderosa para transformação social. E o Grupo de
Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo do Tribunal
de Justiça de Mato Grosso (GMF-MT), em parceria com outras instituições, atua
para garantir que as pessoas privadas de liberdade tenham acesso ao ensino de
qualidade.
Esse trabalho
ocorre por meio do Grupo de Trabalho Interinstitucional de Educação, instituído
no ano passado, com o objetivo de coordenar e expandir as ações educativas no
sistema prisional, realizando planejamento estratégico e acompanhando de perto
todas as atividades nas unidades prisionais do estado. O resultado de todo
esse empenho é observado na evolução daqueles recuperandos que buscam o
aprendizado como forma de encontrar um novo rumo na vida. Na cadeia pública de
Paranatinga, por exemplo, alguns dos participantes do projeto de alfabetização
Muxirum, realizado em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc),
fizeram questão de registrar em cartas o sentimento de gratidão pela
oportunidade.
O recuperando
J.R.J. afirma estar feliz pois já sabe ler algumas palavras e que
espera já estar lendo melhor até o próximo ano. “Estou muito feliz. Já estou
lendo algumas palavras. Espero estar lendo mais coisas no decorrer do ano. Obrigado
Deus por tudo. Estou muito grato. Amém! Hoje eu acordei muito feliz. Muito
obrigado professora Rosana e professora Eliane por vocês ter me ajudado com os
seus aprendizados e por vocês duas ter me ensinado a ler e escrever pois
pessoas como vocês são difícil de encontrar”, diz trecho da carta.
Outro privado de
liberdade, R.Q. afirma que tem participado das aulas de leitura e de
artesanato. Desde os 16 anos, ele parou de estudar e somente agora tem a
oportunidade de aprender novamente. “Minha leitura melhorou muito, e as
professoras são muito atenciosas”, elogia. Segundo ele, o projeto Muxirum “é um
projeto muito bom e educativo para quem está privado de liberdade” e afirma que
sua leitura e suas habilidades em matemática melhoraram “cem por cento”. “Nesse
projeto, aprendi muito com o apoio das professoras que nos ensina”, avalia, por
meio de carta.
V.B.S. conta que
estudou apenas até a terceira série do ensino fundamental e que, “por motivo de
pobreza tive que largar os estudos pra trabalhar e ajudar minha família e não
tive oportunidade de voltar a estudar”. Hoje, com 54 anos, foi parar na prisão
e lá encontrou a possibilidade de voltar a estudar, por meio do projeto
Muxirum, com as professoras Rosana e Eliane.
Para o juiz Bruno
D’Oliveira Marques, coordenador do eixo Educação do GMF-MT, esses feedbacks
reforçam o sentimento de dever cumprido e renovam o compromisso de toda a
equipe, liderada pelo desembargador Orlando de Almeida Perri, supervisor do
GMF-MT, em trabalhar cada vez mais pela ressocialização no estado de Mato
Grosso. “Para nós, é muito gratificante ver os resultados alcançados com muito
empenho e com a colaboração de tantos parceiros, ao longo dos últimos dois
anos. Os números e os relatos que temos recebido vêm corroborar que estamos no caminho
certo, confiantes de que a educação é o melhor caminho para proporcionar uma
mudança de vida às pessoas que, por algum motivo, foram privadas de liberdade.
O GMF seguirá comprometido em garanti o acesso à educação a essa parcela da
população, que também é detentora de direitos, tendo como objetivo maior a
reintegração e a pacificação social”, afirma o magistrado.
Conheça
as principais iniciativas realizadas ao longo desta gestão:
Painel
Power BI de educação prisional – Trata-se de
um sistema que permite o monitoramento contínuo de dados educacionais e
matrículas em todas as unidades do estado.
Campanha
Educação é o Caminho que Liberta - Para ampliar o
número de privados de liberdade matriculados na rede pública de ensino, foi
realizado um Dia D, com visitas e panfletagem nos raios dos presídios para
incentivar os recuperandos a retomarem os estudos.
Contratação
de pedagogos e capacitações – Foram
contratados 31 pedagogos para atuar nas unidades prisionais, auxiliando em
projetos educacionais e no programa de remição pela leitura. Além disso, uma
capacitação sobre práticas de leitura e remição da pena reuniu cerca de 170
profissionais.
Projeto
Remição pela leitura e doação de livros – Com o projeto
Remição pela Leitura, os internos têm a oportunidade de reduzir as penas por
meio da leitura. Em uma primeira etapa, foram arrecadados cerca de 1,2 mil
livros, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), doações que
incrementaram o acervo de 14 unidades prisionais, incentivando o hábito da leitura
e do desenvolvimento pessoal. Na segunda etapa, houve ampliação das doações de
livros para todas as 41 unidades prisionais de Mato Grosso, garantindo o acesso
ao direito da remição pela leitura a todas pessoas que cumprem pena em regime
fechado e dando efetividade à Resolução nº 391/2021 do CNJ.
Parcerias
e cursos profissionalizantes – Em parceria
com diversas instituições, como o Instituto Federal do Sul de Minas (IF Sul de
Minas), Ministério da Educação, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(Senac) e Associação Dom Aquino Corrêa, cursos técnicos e profissionalizantes,
graduação e pós-graduação são oferecidos a internos e egressos, oportunizando
também a reintegração no mercado de trabalho.
Infraestrutura
e recursos – Foram realizadas visitas técnicas nas unidades para
avaliar as necessidades para atingir o bom desempenho pedagógico, como a
construção de salas de aula, reformas, acervo, além da entrega de 107
televisões doadas pela Seduc e 118 computadores pelo Tribunal de Justiça.
Recorde
– A participação no Exame Nacional para
Certificação de Competências de Jovens e Adultos para Pessoas Privadas de
Liberdade (Encceja PPL) teve recorde de inscritos no ano de 2024, com 4.456
participantes.
Além disso, graças
ao trabalho em rede do GMF, Mato Grosso está em nono lugar entre as unidades da
federação com as maiores taxas de crescimento na atividade de leitura em
unidades prisionais. Os dados são relativos ao período de 2023 a 2024, apurados
pelo programa Fazendo Justiça, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em
parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud),
Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) e Biblioteca Nacional.
Celly Silva
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br
11/12/2024 11:33
Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário apresenta ações à nova equipe da Sesp
11/02/2025 11:48
Poder Judiciário de MT inicia coleta biométrica de custodiados em todas as comarcas polos do Estado
12/02/2025 18:57
Poder Judiciário de Mato Grosso participa do lançamento do Plano Pena Justa, no STF