Projeto de ressocialização do CASE Sinop abre novos caminhos para jovens em conflito com a lei
U
m jovem que antes carregava
em sua trajetória um ato infracional gravíssimo, passou mais de dois anos
internado no Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE) de Sinop. Durante esse
tempo, sua vida tomou outro rumo: concluiu o Ensino Médio, participou
ativamente de projetos como o xadrez e o Vida Organizada, aprendeu a respeitar
regras e a conviver em harmonia. Ao sair da unidade, decidiu mudar de cidade,
conquistou um emprego lícito, ingressou em novos planos de estudo e até removeu
tatuagens que o ligavam a uma organização criminosa. Hoje, leva uma vida
diferente, distante do crime.
O relato é da juíza Melissa
de Lima Araújo, do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema
Socioeducativo (GMF) em Sinop, que acompanha de perto o trabalho desenvolvido
na unidade. Para ela, histórias como essa traduzem a importância do CASE na
construção de novas perspectivas para adolescentes em conflito com a lei.
“É por meio das atividades
desenvolvidas na unidade que os adolescentes adquirem novas perspectivas de
futuro, aprendem a seguir regras, socializar, participar de atividades
socioculturais e a se preparar para uma vida afastada da criminalidade quando
forem beneficiados com medidas em meio aberto”, destacou a magistrada.
No CASE Sinop, diversas
iniciativas socioeducativas são desenvolvidas para fortalecer habilidades
emocionais, promover a cidadania e abrir horizontes. Entre elas está o Projeto
Ponto de Esperança, criado em 2021, que utiliza a técnica do crochê como
ferramenta pedagógica. O trabalho manual desenvolve paciência, organização,
criatividade e autonomia. Hoje, são os próprios internos que ensinam os
recém-chegados a confeccionar peças, em um ciclo de cooperação e solidariedade.
Outro destaque é o Clube do
Livro – Descobrindo Novos Mundos, que promove rodas de leitura e debates sobre
obras literárias escolhidas coletivamente. A proposta amplia o repertório
cultural, estimula a reflexão crítica e fortalece a empatia entre os jovens.
Na área ambiental, o projeto
Verde do Amanhã implantou uma horta agroecológica dentro da unidade. Além de
incentivar hábitos saudáveis, ensina técnicas de cultivo sustentável,
compostagem e uso racional da água, despertando nos adolescentes consciência
ecológica e responsabilidade social.
O projeto Xadrez –
Estratégia para a Vida também tem se mostrado um aliado na formação dos
socioeducandos, fortalecendo raciocínio lógico, concentração, disciplina e
respeito às regras. Já a Brinquedoteca Temporária garante um espaço humanizado
para visitas de filhos e familiares, reforçando vínculos afetivos.
Segundo a juíza Melissa Araújo,
muitos adolescentes chegam ao CASE oriundos de contextos em que o crime faz
parte da realidade. Nesse cenário, a unidade atua como um contraponto,
apresentando alternativas de vida por meio da educação, da cultura, do esporte
e da profissionalização. “Compete à unidade socioeducativa demonstrar que o
estudo pode oportunizar melhores condições socioeconômicas e que o trabalho
lícito é viável, desde que esses jovens estejam dispostos a abraçar essa nova
realidade fora do ambiente institucional”, explicou.
O CASE Sinop conta com apoio
do Ministério Público, Defensoria Pública, Poder Judiciário, universidades e
comunidade local, que contribuem para o fortalecimento das ações. Para o
futuro, a expectativa é ampliar os projetos já existentes e criar novas
oportunidades. “Está em fase de estruturação, por exemplo, uma parceria com a
Secretaria de Meio Ambiente de Sinop e o Conselho Municipal da Criança e do
Adolescente para ensinar os internos a produzir mudas de árvores, que serão
utilizadas em plantios na cidade”, comentou a juíza.
A magistrada comentou sobre a necessidade de que o Estado forneça cursos profissionalizantes e um plano sociopedagógico amplo, para que os jovens saiam da unidade com uma alternativa de estudo e trabalho lícito. “Fortalecer e ampliar parcerias é essencial para que o tempo dentro do CASE seja aproveitado ao máximo para o crescimento humano e social desses adolescentes”, reforçou.
Roberta Penha
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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