Cuidando de 1 bebê por um dia: gravidez na adolescência é tema de ação de conscientização em Colniza
“Não imaginava que era tão
difícil cuidar de um bebê”. “Não quero ter filhos”. “É desesperador não saber o
motivo do choro do bebê!” As frases são relatos de alunos do 6º ano da Escola
Municipal Bom Jesus, do município de Colniza, com idades entre 11 e 12 anos. O
grupo está entre os 300 estudantes que deverão ser impactados pela campanha
Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, prevista no Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA). As ações, que preveem a conscientização sobre a
gravidez precoce, são executadas pela Comarca de Colniza durante todo o mês de
fevereiro.
A dinâmica “Cuidando de um
bebê por um dia” mudou a percepção dos alunos que participaram das atividades
desenvolvidas pela facilitadora de Círculos de Paz e psicóloga na Comarca, Gisseli
Vilas Boas. “O objetivo foi sensibilizar os alunos para os desafios da
maternidade e paternidade precoce”, explica.
A atividade fez parte de um
momento do ‘Círculo de Construção de Paz: a escolha de ser pai/mãe’ e exigia
que os alunos cuidassem de um bebê (representado por um balão). Durante o
período, o bebê chorava, defecava, tinha fome, ficava doente e demandava
atenção e cuidados dos pais fictícios.
“Dados mostram que a
gravidez precoce está frequentemente associada à evasão escolar, à limitação de
oportunidades profissionais e a dificuldades socioeconômicas. Como sociedade,
temos o dever de garantir que nossos jovens possam trilhar um caminho com mais
escolhas e menos riscos. O Poder Judiciário, dentro de sua missão de proteger a
infância e a juventude, apoia iniciativas que promovam a conscientização e a
prevenção, pois entende que a informação é uma ferramenta poderosa para a
construção de um futuro mais promissor”, aponta o juiz Guilherme Leite Roriz,
da Vara Única da Comarca de Colniza.
Gisseli, que também é
servidora efetiva pela Secretaria de Educação e Cultura de Colniza (Semec),
conta que a ideia partiu da equipe multidisciplinar (psicóloga, assistente
social e psicopedagoga), que lidam diariamente com o assunto.
“Ainda em 2025, existe um
tabu sobre o assunto nas famílias da comunidade. Os alunos sentem vergonha ou
timidez de perguntar para os pais, sendo que o ideal seria que eles ouvissem
seus filhos sem pré-julgar. Os alunos estão na fase da puberdade, os corpos
estão mudando, sentimentos e sensações e é normal que sintam curiosidades e
estejam com dúvidas”, aponta a facilitadora que aplicou a metodologia da
Justiça Restaurativa durante a ação.
Durante o círculo, os estudantes sentiram-se seguros para falar sobre sexualidade, gênero, menstruação, abandono, preconceito e bullying.
“Esses espaços de conversa
permitiram que dúvidas fossem esclarecidas e que medos e inseguranças fossem
compartilhados de maneira acolhedora e respeitosa”, pontuou o magistrado.
Alguns dos questionamentos
feitos pelos estudantes incluíram dúvidas de como saber se estou pronto para
ser mãe ou pai? Por que algumas famílias evitam falar sobre isso? O que posso
fazer para ter mais controle sobre o meu futuro?
“Essas perguntas mostram o
quanto os adolescentes querem entender mais sobre suas próprias vidas e como a
educação é um caminho essencial para isso. A escola tem um papel fundamental
nesse processo”, destacou o juiz Guilherme Leite.
Justiça
Restaurativa
Os Círculos de Construção de
Paz são realizados pelo Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa (NugJur), o órgão
de gestão da Justiça Restaurativa no Estado de Mato Grosso.
As técnicas utilizadas pela
Justiça Restaurativa, como os Círculos de Construção de Paz e os Círculos de
Resolução de Conflitos, buscam conscientizar os envolvidos sobre a
responsabilidade de cada um. A aplicação do Círculo de Construção de Paz: a
escolha de ser pai/mãe atende a uma das atribuições do NugJur, que prevê a
aplicação das práticas restaurativas na jurisdição da infância e da juventude.
Priscilla Silva
Coordenadoria de Comunicação Social do TJMT
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