Projeto do Centro Socioeducativo de Cuiabá utiliza esporte e cultura para ressocializar jovens
O Centro de Atendimento
Socioeducativo Masculino de Cuiabá (Case Cuiabá, antigo Pomeri) realizou, na
sexta-feira (31 de janeiro), o encerramento do cronograma de férias, um projeto
desenvolvido pela atual gestão para ocupar os adolescentes durante o período de
recesso escolar e promover a socialização, bem como o desenvolvimento de
habilidades. O período foi marcado por palestras sobre saúde, roda de conversa
e dinâmicas de grupo, além de atividades físicas e trabalhos na horta
hidropônica no local.
Iniciado em dezembro de 2024, o
cronograma de férias tem como objetivo principal promover a integração entre os
adolescentes, incentivando valores como disciplina, cooperação, respeito e
superação. Por meio de uma série de atividades esportivas, culturais e
educativas, o projeto busca oferecer aos jovens um ambiente seguro e
estimulante para o desenvolvimento pessoal e social.
A juíza Leilamar Aparecida
Rodrigues, coordenadora do eixo socioeducativo do Grupo de Monitoramento e
Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo do Tribunal de Justiça de
Mato Grosso (GMF-TJMT), esteve presente no encerramento das atividades. Houve a
entrega de medalhas aos 38 jovens que participaram dos jogos.
Os jogos foram realizados de 27 a
31 de janeiro com competições como natação, tênis de mesa, vôlei, futsal e
atletismo, proporcionando aos adolescentes a oportunidade de vivenciar o
espírito esportivo e tornar a convivência mais amistosa.
A coordenadora do GMF comemorou
os resultados positivos e destacou a importância do esporte e da cultura no
processo de ressocialização dos adolescentes. "O que percebemos é que
esses esportes, essa formação cultural, vêm ao encontro a toda a ressocialização
que esperamos dos adolescentes, porque trabalham vários segmentos e
sentimentos, espirituais, psíquicos e sociais. Então esperamos colher muitos
bons frutos durante este ano, tanto pelos resultados obtidos com a prática
esportiva diária, quanto com os cursos profissionalizantes que serão
ministrados.
O diretor da unidade
socioeducativa masculina, Reginaldo Camargo Ferreira Filho, disse que a
atividade física ajuda na disciplina, na convivência. Ele observou que todos os
38 adolescentes participaram das atividades de férias por demonstrarem bom
comportamento, o que colabora para o trabalho dos agentes que fazem a segurança
do local.
“As atividades esportivas diárias
melhoraram muito a convivência dentro do Case, porque conseguimos ocupar o
tempo deles. Além disso, a atividade física ajuda na disciplina e no trabalho
em equipe. O comportamento deles melhorou muito, especialmente na questão de
respeito aos agentes”, explicou Reginaldo.
A secretária-adjunta do Sistema
Socioeducativo e Políticas Anti Drogas da Secretaria de Justiça de Mato Grosso,
Lenice Silva dos Santos, lembrou que para o jovem, o esporte é um grande pilar
de sustentação para trabalhar a motivação, melhorar a ansiedade e um poderoso
aliado na construção de um futuro melhor para os adolescentes que cumprem
medidas socioeducativas.
“O adolescente autor de ato
infracional tem a ansiedade maximizada pelo consumo de bebida alcóolica e
outras drogas, então o esporte vem como um pilar. Eles estavam em férias, então
trabalhamos essas propostas durante o período para que eles não ficassem
ociosos. (...) principalmente no esporte coletivo onde há a oportunidade para o
jovem trabalhar os propósitos positivos”, explicou Lenice.
Esporte: ferramenta de transformação
H.A., de 17 anos, está há 11
meses na Case, cursa o primeiro ano do Ensino Médio e disse que a experiência
foi gratificante. "As atividades me ajudaram muito a distrair a mente e
não ficar pensando nos meus familiares, que estão lá fora. Trabalhei alguns
esportes que não praticava como natação, corrida e vôlei. Tô mudando muito aqui
dentro”, afirmou ele.
O jovem S.T., de 16 anos também
cursa o primeiro ano do Ensino Médio e contou que as atividades levaram calma à
sua mente. “Sou muito ansioso e muito feliz também. Para que ficar triste?”.
Ele, que já fez aulas em escolinha de futebol e natação, disse que se
“entregou” a todas as atividades e praticou todas as modalidades, mas gostou
mais da natação e do futsal porque lembrou “de quando era criança”.
T. planeja estudar e fazer uma faculdade
e disse: “mas não vou mentir, prefiro ler gibis”, confessou. “Contei pra minha
mãe e pro meu pai. Ele vem me visitar no domingo. Eles ficam felizes de ver que
estou fazendo as atividades, os cursos, que estou mudando um pouco. Meu pai
fala muito pra eu mudar e vou seguindo a vida. Tenho uma chance aqui”.
Também estiveram presentes a
defensora pública em substituição legal, Kelly Christina Veras Otacio Monteiro
e demais servidores.
Marcia Marafon / Foto: Michel Rigotti
Coordenadoria de Comunicação Social do TJMT
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