Conselheiro do CNJ Ulisses Rabaneda destaca avanços na gestão dos precatórios em Mato Grosso
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) realiza,
nesta quinta-feira (15 de maio), o II Seminário de Precatórios, evento que
reúne magistrados, servidores, prefeitos, gestores municipais e público externo
no Auditório Gervásio Leite, na sede do TJMT em Cuiabá. O seminário tem como
objetivo fortalecer a aproximação entre o Poder Judiciário e os entes públicos
devedores, além de capacitar gestores municipais para aprimorar a gestão
pública e garantir o cumprimento das obrigações legais relacionadas aos
precatórios.
A programação contempla temas essenciais, como os
benefícios da adimplência dos entes federativos e as boas práticas para a
gestão eficiente dos precatórios. Segundo dados apresentados, 80% dos
pagamentos realizados nos últimos cinco anos, que totalizaram quase R$ 3
bilhões, foram de caráter alimentar, refletindo diretamente na melhoria da
qualidade de vida da população.
A 1ª Mesa do evento teve como presidente o
corregedor-geral de Justiça do TJMT, desembargador José Luiz Leite Lindote, e
contou com a palestra do conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
Ulisses Rabaneda, além da participação do conselheiro Sérgio Ricardo, presidente
do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT).
Durante sua fala, o conselheiro Ulisses Rabaneda
enfatizou a importância de esclarecer e orientar os gestores públicos sobre a
natureza e a gestão dos precatórios.
“A ideia é possibilitar a todos os gestores, principalmente aos que lidam diretamente com essa área — não só prefeitos, mas também secretários e servidores dos municípios e do Estado — que possam entender melhor como que funciona. É ajudá-los a planejar e a gerenciar de modo a tornar as contas do município regulares”, disse.
Rabaneda destacou a mudança de paradigma em relação
à percepção dos precatórios. “Durante muito tempo, convencionou-se achar que
precatório era uma dívida para não ser paga. Isso mudou e tem impactado as
prefeituras e os gestores que ainda pensam que podem enrolar essa dívida
indefinidamente. A Constituição traz claramente as consequências: a certidão de
inadimplência, impedindo o município de fazer financiamentos, além da
possibilidade de bloqueio das contas e comunicação ao Tribunal de Contas e
Ministério Público para apuração das responsabilidades.”
Ele também falou sobre o fim do “mercado paralelo”
de precatórios e o compromisso crescente dos gestores com a quitação dos
débitos:
“Hoje, o gestor está mais consciente e a maioria já
está colocando em dia esse passivo, que é uma dívida pública que deve ser paga.
É importante destacar que o pagamento dos precatórios deve ser feito via
tribunal de justiça, e não diretamente à parte interessada”, afirmou.
O conselheiro contextualizou o precatório como uma
medida que vai além do pagamento, atuando como um instrumento moralizador para
o ente público.
“O precatório não foi pensado apenas sob a
perspectiva do pagamento, mas pela forma como ele é feito. É uma ordem
cronológica que deve ser respeitada, sob pena de sanções. O problema não está
nos precatórios, mas na gestão. Se o ente tiver saúde financeira para pagar, o
precatório deixa de ser problema e passa a ser solução”, enfatizou.
Dados apresentados mostraram a evolução positiva em
Mato Grosso, que reduziu seu passivo de R$ 2 bilhões em precatórios no fim de
2024 para cerca de R$ 1 bilhão atualmente, demonstrando o compromisso com o
pagamento em dia.
Rabaneda também falou sobre o papel do CNJ e do
Fórum Nacional de Precatórios (FONAPREC) no acompanhamento e apoio aos tribunais
estaduais e entes federativos.
“O CNJ, através do seu comitê, responde dúvidas e
orienta o sistema nacional. O Fórum Nacional dos Precatórios é composto por
quatro órgãos principais: o juiz gestor de precatórios, o presidente do
tribunal, a comissão permanente legislativa e a comissão permanente de assuntos
institucionais”, explicou.
A palestra reforçou o papel estratégico da boa
gestão dos precatórios para a saúde financeira dos municípios e estados,
destacando Mato Grosso como referência nacional na adoção de boas práticas.
O II Seminário de Precatórios do TJMT reforça,
assim, o compromisso do Poder Judiciário em contribuir para o aprimoramento da
gestão pública, prevenção de inadimplências e garantia dos direitos da
população beneficiada pelos pagamentos judiciais.
Flávia Borges / Foto: Alair Ribeiro
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br