Curso sobre drogas ilícitas: des. Wesley Sanches fala sobre Efetividade Penal em aula final
Com o tema ‘Efetividade Penal enquanto mecanismo de
adequação da política criminal de combate às drogas, prevista na Constituição
Federal’ foi finalizado na manhã desta segunda-feira (21 de julho) o curso ‘Drogas
Ilícitas – Aspectos Jurídico, Político-Criminal e Prático’. O tema foi apresentado
pelo desembargador presidente da Comissão sobre Drogas Ilícitas do Tribunal de
Justiça de Mato Grosso (CSDI), Wesley Sanches Lacerda, na Escola Superior da
Magistratura de Mato Grosso (Esmagis-MT), com a presença de desembargadores,
juízes e servidores que participavam no formato presencial e on-line.
O magistrado abriu a discussão propondo uma análise
crítica sobre haver realmente políticas de combate às drogas inseridas na
Constituição. “A primeira vez que o combate às drogas ou ao tráfico de
entorpecentes e drogas afins apareceu na Constituição foi em 1967, quando
outorgava competência à União para repressão ao tráfico de drogas. Essa redação
foi repetida ‘ipsis litteris’ no bojo da constituição de 1969. Sob a égide da
Constituição Federal de 1988, em uma verdadeira expansão mandamental e
principiológica, essa expressão ‘drogas afins’ aparece cinco vezes e ‘tráfico
ilícito de entorpecentes’ é utilizada em quatro oportunidades. Somente em uma
oportunidade a expressão ‘drogas afins’ aparece dissociada de ‘tráfico ilícito
de entorpecentes’.” Pontuou ainda que o tráfico é o único delito capaz de
extraditar um brasileiro naturalizado.
Lacerda registrou ainda que “esse debate sobre a
legislação de drogas tem como objetivo aprofundar a discussão sobre o tema. Aqui,
tenho o privilégio de acompanhar os significativos progressos de todos os
envolvidos. Espero que, ao finalizarmos, tenhamos uma visão mais abrangente e
sistêmica de todo o conjunto de normas e atuação jurisdicional na temática
tráfico de drogas. Estamos aqui representando a CDSI. Eu sou o coordenador, mas
está aqui também o coordenador-adjunto, desembargador Marcos Machado, e o
membro da comissão desembargador Hélio Nishiyama. Contamos ainda com o
desembargador Mário Kono, além de 30 magistrados.”
O evento foi aberto pelo desembargador diretor da
Escola Superior da Magistratura de Mato Grosso, Márcio Vidal, que apontou o momento
setorial de crise vivida pelo Direito Penal e, ainda, que o combate às drogas é
uma urgência social. “É necessário que busquemos ações para suprir as
deficiências do Direito Penal. Um
problema não surge de apenas um fato, mas de várias causas e efeitos. A Escola
da Magistratura não poderia estar ausente desse processo de evolução e
oportunidade. Diante de tantas dificuldades que enfrentamos diariamente, temos
que buscar as soluções para esse momento. A droga é um problema na sociedade mundial.
Ela arrasta vários outros fenômenos sociais e de alta potencialidade. Para o
combate, temos que estar afinados com as demais instituições do sistema
judicial brasileiro para enfrentarmos essa questão. Em nome da Escola temos a
gratidão de ver presentes todos que atenderam a esse chamado.”
Desembargador Marcos Machado, membro do Conselho
Consultivo da Esmagis-MT, integrante da CSDI e idealizador do curso, finalizou
o evento. Segundo ele, é de suma importância a discussão de políticas e
controle sobre drogas envolvendo, além do Poder Judiciário, as atuações do policial
militar e do Ministério Público. “É primordial que magistrados compreendam a
complexidade da questão de combate às drogas ilícitas. A Escola busca
transcender os limites da instituição, cumprindo o propósito de divulgar não
apenas ideias e experiências, mas também as ações concretas que o sistema de
justiça criminal tem desenvolvido. A importância da capacitação e do interesse
dos magistrados em aprimorar seus conhecimentos é evidente. Observamos,
inclusive, uma participação expressiva online, com grande número de pessoas
acompanhando. Essa participação demonstra a disposição, o comprometimento e o
desprendimento de cada participante. Reconhecemos e aplaudimos esse grupo, que
se dedica constantemente à transformação e ao aperfeiçoamento. Acreditamos que
esses juízes e servidores públicos fazem a diferença na sociedade.”
Presente na aula expositiva, desembargador Hélio
Nishiyama observou a qualidade do apresentador. “A qualidade da exposição do
desembargador Wesley superou todas as expectativas, mesmo sendo elas
extremamente altas. O tema abordado é desafiador, mas ele conseguiu dar
concretude àquilo que inicialmente mostrava-se altamente abstrato. A palestra
percorreu todas as vertentes e abordagens relevantes desde o aspecto
comparativo com o direito tradicional, passando pela convenção de Viena, que é
um marco internacional de extrema relevância para uma política de enfrentamento
à macrocriminalidade. Além de instituir a obrigação internacional de combate ao
tráfico, também prevê o tratamento e a implementação pelos Estados de um
combate específico de lavagem de capital. O Brasil, em sua única lei que trata
de lavagem, em sua primeira geração, traz apenas dois crimes objetos da
lavagem, que são o terrorismo e o combate ao tráfico de drogas, justamente por
conta desse alinhamento internacional.”
Nishiyama destacou ainda que gostou da abordagem apresentada
quanto às ‘infundadas suspeitas no caso de uma revista pessoal’, ponto que
considera de extrema relevância. “O Poder Judiciário, hoje, dialoga muito sobre
o conteúdo das fundadas suspeitas, tentando dar uma concretude às hipóteses em
que seriam permitidas essa revista pessoal ou uma busca domiciliar sem o
respectivo mandado judicial. Penso eu que pouco está se refletindo sobre as
consequências práticas para o policial militar, o que foi muito bem-dito pelo
desembargador. Impõe-se ao policial militar a obrigação de compreensão
jurisprudencial totalmente incompatível com a realidade brasileira.”
Drogas Ilícitas – O curso foi idealizado pelo desembargador Marcos Machado, membro do Conselho Consultivo da Esmagis-MT e integrante da Comissão Especial sobre Drogas Ilícitas. As aulas começaram em 05 de maio e, a partir de então, foram realizadas todas as segundas, sequencialmente, até hoje (21/07).
Dentre os temas que foram abordados estão, Direitos Humanos e tráfico de drogas; O papel das mulheres no tráfico de drogas; Espelhamento no Whatsapp como meio válido de obtenção de prova no processo penal; O enfrentamento à lavagem de dinheiro como forma de aplacar a narcotraficância; e Investigação patrimonial no tráfico ilícito de drogas.
Keila Maressa / Foto: Josi Dias
Assessoria de Comunicação da Esmagis - MT
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