Grupo de Estudos da Magistratura se reúne com foco em inovação, técnica e cooperação jurídica
Magistrados, servidores e especialistas se reuniram
nesta sexta-feira (4 de julho), na sede do Tribunal de Justiça de Mato Grosso,
para a 38ª Reunião do Grupo de Estudos da Magistratura (Gemam). Promovido pela
Escola Superior da Magistratura (Esmagis-MT), o encontro foi realizado no
Plenário Desembargador Wandyr Clait Duarte e marcou um dia de intensa
programação acadêmica e institucional voltada ao aprimoramento da atuação
judicial.
A abertura ocorreu às 9h, com a presença do
diretor-geral da Esmagis-MT, desembargador Márcio Vidal, da coordenadora do
Gemam, juíza Alethea Assunção Santos, e do juiz Marcos Faleiros da Silva,
coordenador adjunto do grupo, que destacaram a importância da constante
atualização dos magistrados e da construção coletiva do conhecimento jurídico.
Durante a abertura do encontro, o desembargador
Márcio Vidal fez uma reflexão sobre os desafios atuais da magistratura,
especialmente no que se refere à condução dos processos. “Nossa instância é uma
judicatura dos fatos, e isso exige instrução adequada, prova robusta [...]. A
pressão por produtividade não pode nos afastar da nossa função essencial, que é
entregar justiça segura. Se não fizermos isso, corremos o risco de nos
tornarmos irrelevantes”, alertou.
Ele ainda destacou que a atividade do magistrado
deve ser pautada pelo compromisso intelectual e pela fundamentação sólida das
decisões, respeitando os princípios do devido processo legal. “O Código de Processo Civil exige que cada
decisão seja fundamentada de forma clara, com base em doutrina, jurisprudência
e precedentes que tenham relação direta com o caso concreto. É preciso
justificar sua aplicação. Nossa atuação é técnica, reflexiva e comprometida com
a segurança jurídica”, afirmou.
Conforme o desembargador, a presença neste encontro
remete os participantes a uma reflexão sobre o papel que o magistrado deve ter no século
21, diante de tantas situações de incerteza na sociedade. “Tivemos e temos
acumulado muitos conhecimentos, mas ainda continuamos presos à indagação do que
seria o que correto para buscarmos a paz tão almejada por muitos séculos. Penso
que o único caminho seja o conhecimento, mas de uma forma neutra, para não
pender para nenhum dos lados, quase sempre equivocados.”
Durante
o evento, a juíza Alethea comentou a escolha do local e o novo formato do
encontro. “Nesse 38º encontro do Gemam, nós trouxemos a reunião para o plenário
do Tribunal de Justiça. Foi uma ideia do desembargador Márcio Vidal, uma forma
de fomentar esse diálogo entre magistrados de uma maneira diferente, sob um
olhar diferenciado”.
A
juíza também explicou que o Gemam possui três eixos: o cível, o criminal e o
agro. “Sempre tentamos balancear esses estudos”, disse.
Ao
abordar os impactos da iniciativa na sociedade, Alethea reforçou os benefícios
que são gerados para a sociedade. “O grupo de estudos fomenta o aperfeiçoamento
e a capacitação dos magistrados. A partir dos encontros, construímos enunciados
que orientam os julgados, promovendo mais padronização e segurança jurídica.
Isso, com certeza, se reverte em benefício ao jurisdicionado, pois agiliza a
prestação jurisdicional.”
Lançamento
de obra jurídica e difusão do saber
Logo
após a abertura, foi lançado o livro “Cátedras”,
da Academia Brasileira de Direito, coordenada pelo acadêmico Fábio Capilé,
presidente de honra da ABD, e pela acadêmica Elizete Lanzoni Alves. A obra
reúne textos de renomados juristas e contribui para o debate e a difusão do
pensamento jurídico contemporâneo.
“A
obra ‘Cátedras’
foi inspirada na intenção de trazer para todo o Brasil as informações
necessárias acerca das academias jurídicas existentes. Ela é um elemento para a
difusão não só da cultura jurídica, mas também das academias para toda
sociedade”, explicou Capilé.
“A
ideia é levar esse ideal de conhecimento jurídico aos mais diversos locais,
sejam escolas, universidades ou comunidades. A Esmagis, por meio da brilhante
iniciativa e atuação do desembargador Márcio Vidal, tem promovido esse
intercâmbio entre instituições de todo o país, ampliando a integração e
amadurecimento cultural”, completou o acadêmico.
Painéis
temáticos: do digital à jurisprudência
A
programação técnica teve início com o tema “Provas
Digitais e o Combate à Litigância Predatória”, apresentado pelo
desembargador Luiz Octávio Saboia Ribeiro e pelo juiz Marcos Faleiros.
“A
modernidade nos trouxe uma nova vertente no processo: hoje, a maioria das
provas, tanto cíveis quanto criminais, são colhidas em formato digital —
imagens de câmeras, arquivos de banco, entre outros. Nosso Código de Processo
ainda não está totalmente preparado para incorporar essas provas digitais. É
esse o debate que vamos propor aos colegas: como lidar com essas provas dentro
do processo digital”, afirmou Faleiros.
Na
sequência, o juiz Gerardo Humberto Alves Silva Junior discutiu o tema “Identificando
a ratio decidendi”, destacando a importância de compreender os
fundamentos determinantes das decisões judiciais para garantir uniformidade e
segurança jurídica.
No
período vespertino o jornalista e coordenador da Comunicação do TJMT, Ranniery
Wanrhawtt Azeredo de Queiroz, apresentou um painel institucional sobre as
estratégias de comunicação da Corte. “Foi uma oportunidade incrível de alinhar
pensamentos, conhecer necessidades e propor ações. Comunicar é básico do ser
humano e, de certa forma, uma exigência da sociedade que se transforma dia a dia.
Agradeço a oportunidade dada pelo Gemam e Esmagis”, destacou.
Temas
sensíveis e atuação integrada
O
desembargador Wesley Sanches Lacerda abordou os limites da interpretação
principiológica no Direito Ambiental. Em sua fala, ele explicou como suas
pesquisas avançam na defesa da norma ambiental no sistema jurídico.
“Tanto
a minha dissertação de mestrado quanto a tese de doutorado estão
intrinsecamente ligadas. Ambas tratam do Direito Ambiental, mas no âmbito da
defesa da norma ambiental. Sempre defendi que o fronte de combate do jurista é
o ordenamento jurídico, é o sistema de justiça. Nosso objeto de especial
preservação é a norma jurídica ambiental”.
“Na
dissertação, identifico compartimentações dos bens ecológicos, como na tutela
coletiva, onde o cidadão não tem participação, e no controle de
constitucionalidade, onde as normas ambientais são tratadas como regra e não
como princípio. Já na tese de doutorado, faço um link com a filosofia da
hospitalidade. Criei os conceitos de ‘hospitalidade normativa’ e ‘preservação
da essência normativa de origem’. A poluição normativa talvez seja uma das
ameaças mais graves ao meio ambiente”, afirmou.
Encerrando
o dia, os juízes Romeu da Cunha Gomes e Jamilson Haddad Campos conduziram
painel sobre a prisão preventiva no contexto da Lei Maria da Penha, com foco no
art. 12-C, §2º. “O Gemam traz estratégias de estudo para qualificação dos
juízes e busca um caminho seguro dentro do TJMT, especialmente em temas
complexos e com divergência, como a prisão preventiva nos casos de violência
doméstica”, pontuou Jamilson Haddad.
“Trouxemos
entendimentos e vamos submetê-los aos colegas para alinhar qual seria o melhor
caminho diante da possibilidade de medidas cautelares diversas da prisão”,
finalizou o magistrado.
Cooperação
e construção coletiva
Criado
em 2014, o Gemam conta com 91 magistrados e magistradas de todas as regiões de
Mato Grosso, com atuação em três eixos: cível, criminal e agronegócio. O grupo
tem se consolidado como um espaço de diálogo, aprendizado e fortalecimento técnico
da magistratura.
Ao
final da reunião, os participantes reafirmaram o compromisso com a atualização
constante e com o aprimoramento da Justiça em Mato Grosso.
Flávia Borges / Foto: Alair Ribeiro
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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