Enquete
Fechar
Enquetes anteriores

Poder Judiciário de Mato Grosso

 
Notícias

24.10.2011 13:06

Confira detalhes dos depoimentos dos quatro réus
Compartilhe
Tamanho do texto:
Os quatro acusados de participação na “Chacina de Matupá”, julgados hoje (24 de outubro) pelo Tribunal do Júri da Comarca do município (695km a norte de Cuiabá), foram ouvidos durante a manhã. Todos alegaram inocência. Os réus falaram depois das testemunhas arroladas pela defesa e acusação. O primeiro a prestar depoimento foi Antonio Pereira Sobrinho, conhecido como “Tonho”, que está sendo acusado de participação nos homicídios de Ivacir Garcia dos Santos, 31, Arci Garcia dos Santos, 28, e Osvaldo José Bachinan, 32, em novembro de 1990.
 
De acordo com os autos, ele teria fornecido um galão de gasolina e incitado a população a agredir e queimar os três assaltantes que haviam mantido como reféns uma família por doze horas na noite anterior. Durante o depoimento, Antonio Pereira Sobrinho disse que não matou ninguém e negou ter fornecido a gasolina aos moradores.
 
Segundo o acusado, sua falecida esposa tinha visto na televisão que o sequestro tinha acabado e, após isso, teria ido ao local para ver os policiais militares levarem os assaltantes ao aeroporto. Nesse momento, disse ter visto um tumulto e parou para verificar o que estava acontecendo, quando constatou que os homens já estavam sendo queimados. Antonio confirmou à promotora que chegou a sacar um revólver para dar um “tiro de misericórdia” nas vítimas, mas desistiu por achar a cena muito triste. Ele terminou o depoimento falando que há 21 anos é condenado por algo que, segundo ele, não fez.
 
O segundo réu a falar, José Antonio Correia, responde pelas mesmas acusações de Antonio Pereira Sobrinho. Ele confirmou ao juiz ter chutado uma das vítimas, pois já havia ocorrido muitos assaltos e tinha medo que sua família também fosse vítima de situação semelhante. José Antonio disse ao juiz não saber qual das vítimas chutou, mas disse que na hora do golpe ela não estava morta. Durante o depoimento, o réu disse à promotora que ficou pouco tempo no local, mas viu os assaltantes serem queimados de longe. Negou ter visto uma das vítimas agonizando por 20 minutos e, depois, sendo interrogada. A defesa questionou se havia o interesse em matar os assaltantes, se alguém tentou impedi-lo das agressões e se havia pisado na cabeça de uma das vítimas ou apenas chutado. Para as duas primeiras perguntas, as respostas foram negativas. Na terceira, garantiu que apenas chutou.
 
Roberto Konrath foi o terceiro réu a prestar depoimento. Ele dirigia o veículo do então prefeito da cidade, que levava os assaltantes ao aeroporto. Os três envolvidos no assalto seriam levados para a cidade de Colíder, no intuito de preservar a vida deles diante da população enfurecida. Roberto é apontado como a pessoa que desalgemou as vítimas para que fossem mortas. É apontado ainda como responsável por balear um dos homens.
 
O réu confirmou ter tirado a algema de uma das vítimas. Contou que o caminho até o aeroporto estava bloqueado por um caminhão, por isso tentou voltar para a delegacia de Matupá. Como tinha muita gente no caminho, parou o veículo. Atribuiu parte da culpa ao soldado da PM, que informou não haver como deixar o local. A PM era responsável pela escolta, mas não conseguiu seguir em frente por causa do bloqueio feito pela população. O juiz questionou se alguma vítima estava ferida e o réu respondeu não saber, afirmando que ele mesmo tem a mão machucada ainda hoje por causa das pedradas que recebeu na ocasião. Ao juiz, disse não ter tirado a vida de ninguém.
 
O último a prestar depoimento foi o delegado de Peixoto de Azevedo (691km a norte de Cuiabá) da época, Enio Carlos Lacerda, que no dia do sequestro foi chamado para cooperar com as negociações. Disse que os fatos narrados na denúncia não são verdadeiros e garantiu ao magistrado não haver determinação para matar os assaltantes. Assinalou que não estava em Matupá no momento em que as vítimas foram queimadas ainda vivas. Afirmou que chegou na cidade por volta das 9h30 e a crise já estava instalada, não se recordando dos nomes dos policiais que estavam no local.
 
Informou ainda que após se renderem, os assaltantes foram entregues para a PM, que deveria levá-los ao aeroporto, garantindo que se fosse requisitado o serviço da Polícia Civil, teria ocorrido a cooperação. “Eu tive que vir para cá (Matupá) com dois policias e deixar desguarnecida a minha delegacia com 37 presos”. Finalizou o interrogatório alegando entender como um absurdo a “Chacina de Matupá”.
 
Leia matérias sobre o caso:
 
 
 
 
 
 
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
(65) 3617-3393/3394