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Poder Judiciário de Mato Grosso

 
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27.07.2015 13:45

Juízes de MT se destacam na produção de livros
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A vida atribulada de um magistrado, que inclui diariamente diversas audiências e decisões, organização de mutirões e atos de gestão, torna o tempo escasso para outras atividades prazerosas. Mas alguns, como o juiz auxiliar da Corregedoria Antônio Veloso Peleja Júnior e o juiz Gonçalo Antunes de Barros Neto, do Oitavo Juizado Especial de Cuiabá, conseguem conciliar todo esse trabalho com atividades acadêmicas, produção de livros e artigos.
 
Peleja já publicou quatro livros e um artigo na obra Processo Constitucional, coordenado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux. Ele é autor das obras “Direito Eleitoral - Aspectos Processuais – Ações e Recursos”, “Manual de Direito Processual Civil – Fase Postulatória”, “Conselho Nacional de Justiça e a Magistratura Brasileira” e “Reformas do Código de Processo Civil e Novos Mecanismos de Acesso à Justiça”. O primeiro livro listado foi elaborado em co-autoria com o analista judiciário Fabrício Napoleão Teixeira Batista, do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso. Peleja ainda faz doutorado e dá aulas na faculdade de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso.
 
Já Gonçalo é co-autor em duas obras, “Direito Constitucional” e “Justiça e Direitos Humanos”, coordenadas pela juíza auxiliar da Corregedoria Amini Haddad Campos. Amini também foi aluna dele na faculdade e com ele compartilha espaço na Academia Mato-grossense de Magistrados. Além disso, Gonçalo também dá aulas na Universidade de Cuiabá – UNIC e escreve artigos que são publicados semanalmente em um jornal de grande circulação no estado e em sites de notícias. São mais de 100 artigos publicados até hoje.
 
Mesmo com tantas obras, Gonçalo ainda se considera aprendiz de escritor, pois diz que o aprendizado é eterno. “É isso que é bonito na vida! A gente aprende sempre, com as críticas às obras que escrevemos, pois com base nela aperfeiçoamos o nosso trabalho. E também aprendemos muito no contato com os alunos. Aprendemos novos valores, novos caminhos até chegar a um denominador comum”, frisa Gonçalo.
 
O magistrado também atuou como jornalista e radialista quando tinha 18 anos, influenciado pelo pai, o comunicador Gilson de Barros. O pai do magistrado teve um programa de rádio e televisão e ficou conhecido como Bedelho. Gonçalo pondera que essa experiência nas redações foi importante para ele tomar gosto pelo contato com o povo, com os leitores e pela própria escrita.
 
Tanto para Gonçalo como para Peleja, a tarefa de escrever é prazerosa, mas também não é tão simples, pois necessita de muita dedicação. Ela requer muito trabalho de pesquisa, reflexão, além da criatividade e da intuição. “Você tem que colocar algo que estabeleça empatia entre você e o leitor, uma ponte de convergência ou divergência”, observa Gonçalo. “A magistratura dá bagagem, mas que é insuficiente para escrever um livro. Temos que estudar como funciona o processo nos Estados Unidos, na Alemanha, buscar quais são as novidades hoje, e com base nisso podemos entender o porquê das mudanças que os legisladores fazem nas leis”, explica Peleja.
 
Inspiração - Os magistrados contam que a experiência de vida e a própria experiência na magistratura também contam muito para ter inspiração na hora de escrever. Pois neste ofício, passam por suas mãos situações concretas em que devem se posicionar e sentenciar. “São nessas situações em que me inspiro para publicar meu pensamento sobre o assunto, a estrutura de análise e a axiologia (estudos de valores morais) da leitura que fiz de todos esses movimentos relacionados às questões endoprocessuais”, pondera Gonçalo.
 
Foi pensando em dar celeridade às tramitações de processos eleitorais, por exemplo, que o juiz Peleja escreveu um de seus livros. Ao elaborar essa obra, ele pensou ainda em proporcionar ao profissional do direito uma visão atual e direta sobre os principais temas do direito processual eleitoral e abordar questões que suscitam dúvidas e divergências. “Todo livro meu tem um quê da vida prática e é bom que os juízes externem isso”, conta Peleja.
 
Como conciliar? - Enquanto muitos viajam com a família nas férias, feriados e finais de semana, os juízes escritores sacrificam os momentos de convívio familiar e até o sono para concretizar uma obra. Eles escrevem nas madrugadas e nos momentos de folga do trabalho. Só conseguem superar as dificuldades impostas pelo tempo escasso aqueles que realmente gostam e são vocacionados para a escrita.
 
“Quando a pessoa tem um projeto em mente tem que fazer algum sacrifício”, observa Peleja. “São nesses momentos a sós, através da introspecção e da autoanálise consubstanciada numa forte inspiração e reflexão, que você consegue pôr no papel tudo aquilo que sente e que pensa naquele determinado momento. É um sentimento até um pouco nostálgico, porque você tenta através da sua escrita fazer com que as coisas mudem de alguma forma”, avalia Gonçalo.
 
Peleja conta que a sensação de ver um livro dele sendo publicado ou usado, seja como embasamento em julgamentos no Supremo ou em monografias, é indescritível. “Saber que sua obra está contribuindo de alguma forma para alguém te traz muita satisfação. Não importa vender muitos exemplares, mas sim ele ser usado nos trabalhos de faculdade. Isso é mais gratificante. A gente não escreve só por escrever, mas para ter frutos”, destaca.
  
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