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Poder Judiciário de Mato Grosso

 
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09.09.2015 14:10

Agentes da infância aprendem sobre autocontrole
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Trinta e um agentes da infância e juventude de Cuiabá que passam por capacitação em mediação assistiram na tarde desta terça-feira (8 de setembro) uma palestra motivacional sobre inteligência racional e emocional. Eles aprenderam sobre a importância da autopercepção dos sentimentos e de ter autocontrole no trabalho. Para reforçar essa lição assistiram a um vídeo sobre o ‘teste do marshmallow’.
 
O teste, realizado com crianças na faixa dos quatro anos de idade, por uma universidade nos Estados Unidos, testou a capacidade dos pequenos de adiar uma satisfação. Meninos e meninas foram colocados em uma sala sozinhos, diante de um doce e uma câmera escondida. As opções dadas aos baixinhos era comer o doce logo de imediato ou esperar por alguns minutos, até que a pessoa voltasse à sala. Neste último caso, aqueles que esperassem ganhariam a guloseima em dobro.
 
A pesquisa voltou a encontrar essas crianças depois de alguns anos, já na fase adulta. Verificou-se que aqueles que “conseguiram aos quatro anos ter autocontrole diante do doce” tiveram maiores conquistas na vida profissional, possuíam melhores salários e melhores cargos. Já os outros tiveram poucas ou nenhuma grande conquista.
 
O descontrole de um jogador uruguaio na Copa do Mundo de futebol de 2014, no Brasil, foi citado pela psicóloga Larissa Zimermann. O esportista mordeu um jogador italiano durante o campeonato. “Pessoas que não têm autocontrole não lidam bem com a pressão e com frustrações. Por causa do seu comportamento, com certeza ele não vai ser mais convidado para grandes campeonatos e dificilmente chegará ao topo da carreira”, observou a psicóloga.
 
Larissa Zimermann faz um trabalho voluntário na capacitação dos agentes da infância. Ela escolheu trabalhar o tema sobre inteligência emocional por causa das mudanças que esses profissionais estão enfrentando no trabalho. Nesse processo, ela garante que é necessário ter automotivação, empatia e aprender a ter habilidades sociais. Ela explica ainda a importância de se trabalhar o lado psicológico quando se lida com crianças e adolescentes em conflito com a lei, bem como com os familiares desses menores. “Às vezes a pessoa fica tão preocupada com a técnica que acaba não conseguindo aplicá-la corretamente, porque não percebe quais são os sentimentos que estão envolvidos no conflito, na criança, nos pais”, destaca.
 
O técnico judiciário da Segunda Vara da Infância e Juventude de Cuiabá, Marcos Rogério Pereira, explica que os 31 agentes que fazem a reciclagem já estão há pelo menos 15 anos atuando no cargo. Essa é a primeira vez que passam a ter contato com as técnicas de mediação, consideradas novas no Poder Judiciário brasileiro. Ele explica ainda que a partir dessa capacitação os agentes vão deixar de realizar apenas a fiscalização de eventos e estabelecimentos comerciais quanto ao cumprimento da lei, que proíbe venda de bebidas alcoólicas a menores de idade, por exemplo. Agora eles passarão também a fazer mediações. Segundo Marcos Rogério, metade dos profissionais vai acompanhar a execução das medidas socioeducativas e a outra metade vai participar das sessões.
 
Quando assumiu a Segunda Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá, o juiz Túlio Duailibi conta que a ideia de ampliar a atuação dos agentes da infância surgiu em conversa com os próprios profissionais, visando melhorar ainda mais a prestação jurisdicional. “Assim, eles continuam com a fiscalização, que também é importante, e ainda incrementam as funções da carreira fazendo a restauração do diálogo e dos núcleos familiares. Eles se aproximam mais dos clientes do Judiciário, passam a entender a problemática da Justiça da Infância e Juventude na Capital. Após entender tudo isso, eles passarão a ofertar um novo trabalho à sociedade cuiabana”, destaca o magistrado.
 
Os casos em que os agentes da infância poderão aplicar na prática essas técnicas são os de baixo teor ofensivo. Na Capital, há uma média de 400 processos de jovens no regime semiaberto, cumprindo liberdade assistida ou realizando prestação de serviços sociais.
 
Antes de receberem a certificação em mediação, os agentes da infância ainda participarão de uma espécie de estágio supervisionado. Eles terão de acompanhar uma quantidade mínima de sessões reais, pelo menos seis sessões como observadores, quatro sessões como co-mediadores e duas conduzindo como mediadores. Os processos que vão para a mediação já estão passando por triagem no setor técnico-social da vara.
 
O agente da infância Valmir Luciano avalia que a palestra e toda a capacitação em geral está sendo muito proveitosa. “Está vindo ao encontro dos nossos anseios. O assunto é bastante abrangente e abriu outra visão que nós agentes ainda não tínhamos percebido. No dia-a-dia vão surgir situações em que a percepção dos sentimentos envolvidos e o autocontrole serão muito importantes para o desenvolvimento do nosso trabalho”, elogiou Valmir ao se referir à palestra.
 
Ele diz que apoia a causa. “Estamos valorizando essa gama de conhecimento que estão transferindo para a equipe. Tenho convicção que a mediação é a maneira mais célere de se resolver um conflito e o melhor caminho para determinadas situações”, frisa.
 
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Fotos e Texto: Glaucia Colognesi
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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