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Poder Judiciário de Mato Grosso

 
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07.04.2016 12:36

Sorriso: Voluntários realizam 48 mil atendimentos
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Logo que chegava ao hall de entrada da Escola Municipal Valter Leite, em Sorriso (420 km ao norte de Cuiabá), a multidão de aproximadamente 10 mil pessoas - segundo dados da Policia Militar - era recebida por 100 voluntários do programa Justiça Comunitária. Vestidos de azul, eles faziam a triagem e direcionavam as pessoas para as 30 salas onde eram oferecidos 80 serviços e atividades gratuitamente. Para se ter uma ideia da dimensão do evento, mais de 600 parceiros e voluntários exerceram seus ofícios nas mais diversas áreas para alcançar a marca de 48.300 atendimentos, realizados ao longo de 4 horas.
 
Entre eles estava Lindomar Santana, administrador e voluntário da Loja Maçônica Acácia de Sorriso. Ele conta que algumas pessoas são tão humildes que ficam com vergonha até de perguntar para onde ir. “Quando vemos que alguma pessoa chega muito retraída, procuramos abordá-la. Esse programa representa muito para a comunidade local e por isso acho importante apoiar e fomentar esse tipo de iniciativa”, afirma.
 
Outros voluntários que fizeram a diferença foram Carmem e Jean Cypion. Aos 44 anos, Jean veio do Haiti para se casar com Carmem, que é agente comunitária do programa. E desde então, ele e as duas filhas do casal a acompanham em todos os projetos que participa. “Aqui tem um povo multinacional, pois se encontra todo tipo de raça, e apesar das dificuldades, as bênçãos escoam por aqui. Já o Haiti é um país muito atrasado na questão do desenvolvimento e na Justiça”, conta.
 
Ele destacou ainda diferenças que existem entre os países quando se trata de programas sociais. “Lá no Haiti tem trabalhos sociais, mas muito pouco por iniciativa do Poder Público. Em geral, a ajuda vem de organizações humanitárias que vêm de outros países. Não é comum ver uma autoridade misturada com o povo. Lá autoridade é autoridade e povo é povo. Então, ver a figura dos juízes participando junto com a população desse trabalho social é muito bom. Eu os parabenizo, especialmente o dr. Antonio, pois não é uma coisa comum. A atitude deles é bastante nobre”, comparou.
 
Além dos atendimentos relativos à Justiça, saúde, segurança pública, assistência social e cidadania, a beleza das mulheres sorrisenses também foi prestigiada graças ao voluntário e dono do salão de beleza Espaço Ton Fernandes, Cleunir Bianchini. Ele fechou o salão num dia de sábado e trouxe seus funcionários para atender a população gratuitamente. Foram oferecidos serviços de corte de cabelo, sobrancelha, pé e mão e massagem. “Quem começou de baixo sabe muito bem da dificuldade que se tem em conseguir coisas básicas, como tirar um documento ou conseguir um atendimento médico. Por isso, eu e meus funcionários fazemos questão de participar de iniciativas como esta”, revelou.
 
Fernando Henrique Ceolin é coordenador do Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade de Cuiabá (UNIC). Ele trouxe alunos direto de Cuiabá para fazer orientação jurídica para a população. “Acho que é necessário para os alunos vivenciarem esse tipo de ação para entender melhor a realidade em que vão atuar. O NPJ atende questões do direito de família, questões não patrimoniais e crimes de menor potencial. Se o caso não for pertinente ao núcleo, encaminhamos para as instituições competentes. Se for, fazemos a peça jurídica, ingressamos no Judiciário e acompanhamos o caso até o final”, esclarece.
 
O caso que mais chamou a atenção do professor foi um pedido de adoção. “A mãe deixou o filho recém-nascido com a vizinha e nunca mais voltou para pegar. Hoje o menino tem 3 anos e a vizinha quer ter o direito de criá-lo como filho legítimo através da adoção. Os alunos ficaram bastantes emocionados com a situação, pois o problema às vezes pode parecer simples aos olhos dos outros, mas para quem o vive é o maior que existe”, assegurou.
 
Organizadores – Ao todo, 87 parceiros, instituições e voluntários estiveram envolvidos direta ou indiretamente na realização do programa no município de Sorriso, totalizando cerca de 600 pessoas. Da coordenação estadual, vieram voluntariamente da Capital 26 agentes comunitários, entre eles a responsável pela organização dos eventos, Tatiane Guerra.
 
Para o coordenador estadual do Programa Justiça Comunitária, juiz José Antonio Bezerra Filho, “foi um dia de bênçãos. Primeiro por termos conseguido realizar um evento desta magnitude sem nenhuma ocorrência, segundo pela presença e comprometimento de tantos parceiros e, por fim, por ter a oportunidade de fazer a diferença na vida dessas pessoas. Agradeço a todos que participaram e especialmente ao dr. Anderson Candiotto, juiz da Comarca de Sorriso, que não mediu esforços para que esse dia acontecesse”, diz.
 
Para o juiz e coordenador do Programa Justiça Comunitário em Sorriso, Anderson Candiotto, o objetivo foi atingido graças ao trabalho em conjunto. “Gostaria de agradecer a todas as autoridades, as 82 entidades envolvidas e as pessoas voluntárias que trabalharam arduamente para que esse programa se tornasse realidade. Estamos apenas na primeira edição e os resultados já foram surpreendentes. Para mim, não existe maior cidadania do que ter direito a ter direito”, finalizou.
 
 
Mariana Vianna
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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