
Poder Judiciário de Mato Grosso
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04.12.2019 12:08
Ala arco-íris garante integridade e respeito aos reeducandos do Centro de Ressocialização da CapitalNo entanto, no Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), onde há cerca de 1,1 mil presos em regime fechado, das 470 vagas, 22 estão ocupadas pelo público LGBT, na ala que é conhecida como “ala arco-íris”. A unidade é a pioneira no país a oferecer esse espaço reservado, que garante aos reeducandos mais segurança e dignidade para poderem se expressar.
Para esses reeducandos os cursos são direcionados aos talentos dos atendidos, que ao invés de marcenaria, serralheira e outros serviços braçais, aprendem atividades como cabeleireiro, maquiador, marketing pessoal, manicure e pedicure, artesanato, culinária, entre outros.
Ela conta que antigamente, os reeducandos gays eram encaminhados para a “ala dos irmãos”, onde ficam os presos evangélicos. Lá, tinham seus cabelos cortados a força e eram obrigados a orar, ler a Bíblia e jejuar. Thaís não chegou a sofrer agressões mais graves, como torturas, surras, violações sexuais, mas essa era uma realidade que ocorria em outras alas.
A reeducanda lembra, entre 2010 e 2011, participou de reuniões, no Fórum de Cuiabá, com equipes formadas por membros do Judiciário, do Sistema Penitenciário, assistente social, psicólogos. Em 2012, a ala foi implantada.
Exemplo de superação - A prova de que é possível passar pelo sistema prisional e ser reinserido à sociedade é a história de Sandro Augusto Lohmann, que trabalha no setor administrativo do Conselho da Comunidade de Execuções Penais de Cuiabá. Ele foi preso em 2016, permanecendo na ala arco-íris até este ano.
Segundo ele, a acolhida na ala arco-íris foi “de suma importância” para que pudesse ser quem é e sentir-se a vontade para desenvolver suas habilidades nas frentes de trabalho que participou. Além disso, o bom comportamento de Sandro abriu portas para que fosse convidado para trabalhar no Conselho da Comunidade de Execuções Penais. “É gratificante a oportunidade e ver o reconhecimento deles para comigo. Da mesma forma que eu tive oportunidade e consegui vencer, consegui superar esses obstáculos e voltar bem, eles [reeducandos] também podem”, avalia.
J
udiciário presente e atuante - Enquanto supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização Penitenciária (GMF), o juiz Geraldo Fidelis visitou 31 presídios neste ano e detectou a presença de alas arco-íris também em presídios de Rondonópolis, Água Boa e Sinop. Mas, segundo ele, é preciso avançar. “Esse público precisa ter seus direitos garantidos e, por isso, nós vamos orientar que as outras unidades garantam o direito dessas pessoas, fazendo essa transição tão importante ao público LGBT”, pontua.
O magistrado, que faz questão de visitar as unidades e conversar com os reeducandos, afirma que conhece várias pessoas que passaram pela ala arco-íris e hoje estão inseridas no mercado de trabalho e destaca a importância de projetos de reinserção social. “Pagaram a pena delas com dignidade e com respeito. E é isso o que nós precisamos fazer: garantir às pessoas o direito, nem mais nem menos, simplesmente o direito”, assevera.
Diretor do Centro de Ressocialização de Cuiabá, Winkler de Freitas Teles reconhece a importância da Justiça estadual nas ações que oportunizam um recomeço de vida aos presidiários. “O Poder Judiciário é a peça principal pra que possamos desenvolver. Nós temos o juiz Geraldo Fidelis que é um grande parceiro nosso, um homem visionário, humanitário, um espelho pra nós. A visão dele é trabalho, estudo e religião e nós seguimos essa visão”, diz.
Celly Silva/ Fotos: Alair Ribeiro
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