Capacitação reforça papel das equipes multidisciplinares na construção de uma sociedade igualitária
Temas como machismo,
feminismo, violência doméstica e as recentes inovações da Lei Maria da Penha
foram abordados durante a “Capacitação para facilitadores para Programas de
Reflexão e Sensibilização para Autores de Violência Doméstica e Familiar contra
a Mulher”, na tarde dessa segunda-feira (14 de junho). O encontro, promovido
pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e
Familiar (Cemulher-MT) do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), mostrou
que psicólogos e assistentes sociais podem atuar com autonomia ao elaborar
estratégias que promovam mudanças estruturais e de condutas.
A trajetória de luta por
igualdade de oportunidades pelas mulheres foi apresentada pela presidente da
Academia Mato-grossense de Direito e membro da Comissão da Mulher Advogada da
OAB/MT, Dinara de Arruda Oliveira. Ela demonstrou algumas das conquistas do
movimento feminista e os desafios que perduram.
“O feminismo é um movimento
diversificado que busca a igualdade entre os gêneros e a emancipação da mulher
frente às estruturas patriarcais. Essa emancipação se dá porque,
historicamente, a mulher foi tratada pela legislação como uma pessoa civilmente
incapaz, semelhante ao tratamento jurídico dado às crianças hoje, por ainda
estarem em formação. Sendo que, na verdade, o que o feminismo sempre buscou foi
o direito à escolha e à igualdade de oportunidades”.
A Lei Maria da Penha
(11.340/2006) está entre as conquistas dessa luta. Norma que, em 19 anos de
aplicação, ainda precisa ser reforçada na sociedade. “Precisamos repetir o
óbvio. A capacitação é importante, pois não é regra que todos conheçam. E
vocês podem fazer essa mudança com oficinas como essas”, disse o palestrante
juiz Marcelo Sousa Melo Bento de Resende, da 2ª Vara Criminal de Barra do Garças.
O magistrado chamou a
atenção para a inclusão dos homens na construção de uma sociedade igualitária.
“Resolver a violência doméstica só pela perspectiva feminina talvez não seja
suficiente. A gente precisa envolver os homens. E o único lugar possível para
isso hoje é o grupo reflexivo. Ali ele é ouvido. E escutar não é concordar. É
acolher, entender, dar sentido. Se a gente não escuta esse homem, ele sai da
audiência achando que ninguém quis ouvi-lo. E isso só fortalece a negação e a
repetição”, lembra o magistrado.
Autonomia
Além da escuta ativa de
homens, as equipes também podem fazer encaminhamentos de mulheres que precisam
de apoio à rede de proteção.
Para Márcia Andréa
Segabinazi Sheffer, psicóloga da Comarca de Barra do Bugres, as abordagens
feitas durante a capacitação refletem a realidade local. “Achei muito
relevante quando ele falou sobre a autonomia do psicólogo para fazer
encaminhamentos, sem precisar de autorização direta do juízo. Essa autonomia
sempre foi muito clara para mim, e é algo que aplicamos no nosso trabalho.
Podemos orientar e direcionar as pessoas diretamente à rede de proteção”,
reforçou.
Já para as profissionais
Cássia da Silva Tocantins (assistente social) e Amanda Batista Reis
(psicóloga), da Comarca de Porto Alegre do Norte, a capacitação ajudará na
estruturação do grupo reflexivo da unidade judiciária.
“Estamos estudando com
atenção a realidade local para definir os temas mais adequados ao nosso
contexto. Porto Alegre do Norte tem um perfil populacional bastante
diversificado, o que traz desafios, mas também oportunidades. Acreditamos que,
com esse preparo, conseguiremos implementar um grupo reflexivo consistente e
efetivo na nossa comarca”, avaliaram.
A “Capacitação para facilitadores para Programas de Reflexão e Sensibilização para Autores de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher” segue nesta terça-feira e quarta-feira (15 e 16 de junho), na Escola dos Servidores, com oito horas diárias de conteúdo teórico e prático, totalizando 24 horas de formação.
Leia mais sobre a capacitação:
Psicólogos e assistentes sociais que atuam em grupos reflexivos participam de capacitação
Judiciário promove capacitação de facilitadores e Evento Anual no TJMT
Priscilla Silva / Foto: Alair Ribeiro
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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