Neurologista aborda avanços no diagnóstico e no tratamento do autismo em capacitação do TJMT
O
médico neurologista pediátrico Marino Miloca apresentou nesta sexta-feira (26
de setembro), em Cáceres, a palestra “Autismo: atualizações e impactos na
sociedade”, como parte da 4ª edição do TJMT Inclusivo – Capacitação e
Conscientização em Autismo. O evento, promovido pelo Tribunal de Justiça de
Mato Grosso (TJMT), por meio da Comissão de Acessibilidade e Inclusão, reúne
especialistas, profissionais da saúde e educação, magistrados, servidores e
familiares em um dia de debates sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). A ação foi realizada em parceria com a Escola Superior da Magistratura de Mato Grosso (Esmagis-MT) e Escola dos Servidores do Judiciário.
Formado em Medicina pela PUC de Curitiba, com especialização em neuropediatria pelo Hospital de Clínicas da UFPR e pós-graduação em Análise Aplicada do Comportamento (ABA) em autismo, Marino Miloca destacou a importância de compreender o autismo como um espectro, evitando generalizações no diagnóstico e no tratamento.
Segundo ele, o aumento do número de diagnósticos está ligado ao aperfeiçoamento dos critérios clínicos e ao acesso mais amplo à informação. “Não há uma epidemia de autismo. O que temos é uma sociedade mais informada e preparada para identificar o transtorno”, explicou, ressaltando que campanhas, reportagens e ações de conscientização têm auxiliado famílias a reconhecer sinais precocemente.
Informação que transforma vidas
O
médico lembrou que, muitas vezes, o primeiro passo para o diagnóstico vem
justamente da informação acessível. Ele citou o caso de uma mãe que reconheceu
os sinais do filho após assistir a uma reportagem na TV sobre autismo, buscando
ajuda a partir desse contato inicial. “Esse é um exemplo do quanto a conscientização
salva histórias que poderiam permanecer no silêncio”, destacou.
Outro ponto enfatizado foi a necessidade de olhar para cada pessoa com TEA como indivíduo, com características próprias e demandas singulares. Para o palestrante, diagnósticos adicionais como TDAH, epilepsia, ansiedade ou depressão podem atrasar a identificação correta e prejudicar o acompanhamento. “Cada história é única. Precisamos respeitar e construir estratégias personalizadas para garantir desenvolvimento e qualidade de vida”, ressaltou.
Riscos de terapias sem evidência
Marino
Miloca também chamou atenção para a necessidade de filtrar informações em meio
ao excesso de conteúdo disponível sobre o autismo. “Vivemos em uma sociedade
bombardeada por desinformação. Sempre que há oportunidade de trazer informação
baseada em evidência, todo mundo ganha: o Judiciário, a sociedade e,
principalmente, as crianças”, afirmou.
Ele alertou para práticas sem comprovação científica, como terapias alternativas e dietas restritivas, que podem gerar riscos e frustrações. Destacou que tratamentos baseados em evidências, como a análise do comportamento, o treinamento parental, a terapia cognitivo-comportamental, a fonoaudiologia e a terapia ocupacional são os que apresentam melhores resultados.
Inclusão e políticas públicas
O especialista também ressaltou a importância da atuação institucional do Judiciário na promoção do debate. “A ciência guardada é só papel. Quando ela se alia ao direito, ganha força para garantir inclusão real e acesso a tratamentos eficazes”, observou.
Para Marino Miloca, a união entre ciência, direito e sociedade civil é fundamental para consolidar ambientes mais acolhedores. “É brilhante ver um tribunal como o TJMT discutir esse tema. Isso mostra compromisso em transformar conhecimento em prática e ampliar direitos”, acrescentou.
Ação institucional
A capacitação integra as ações do Poder Judiciário de Mato Grosso para ampliar a acessibilidade e a inclusão, juntamente com as diretrizes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030), que estimulam práticas de justiça social e igualdade de oportunidades em todo o país.
Programação
Antes da participação do especialista, os presentes acompanharam a apresentação artística da servidora e escritora Ceila Monica de Moura e as palestras do ativista e escritor Nicolas Brito Sales, com o tema “Lugar de autista é onde ele quiser estar”, e da doutora em Neurociências, especialista em autismo, Anita Brito, mãe de Nicolas, que falou sobre “Inclusão social e neurodiversidade”.
No período da tarde as atividades tiveram início com a apresentação da médica psiquiatra Audrey Ribeiro, que tratou do tema “Compreendendo o tratamento do autismo: caminhos e possibilidades”, seguida pelo servidor do TJMT Washington Hedder de Vasconcelos, com a palestra “Desmistificando o autismo: Um olhar acolhedor”. A última atividade do dia abordou o tema: “TEA sob a ótica dos Tribunais: alguns casos”, com os palestrantes Antônio Veloso Peleja Júnior, juiz auxiliar da Vice-Presidência do TJMT, e Renata do Carmo Evaristo Parreira, juíza do TJMT, ambos da Comissão de Acessibilidade e Inclusão do Judiciário mato-grossense.
Confira mais sobre o evento:
“Autismo não limita”: mãe e filho mostram como inclusão transforma vidas
TJMT Inclusivo:capacitação em Autismo reúne especialistas e sociedade em Cáceres
Dani Cunha / Foto: Josi Dias
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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