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25.01.2018 09:30

Estação da Arte é invadida por poesia
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“O mental é uma ilusão do ego. (...) A poesia pra mim é autoexpressão. Foi ela que me deu cidadania e identidade. (...) Eu sonho que um dia as meninas não serão criminalizadas por desejarem ser poetisas.”
 
Dona de frases fortes e voz aconchegante, a poetisa, escritora, diretora de documentários e imortal da Academia Mato-grossense de Letras, Luciene Carvalho, foi a convidada dessa quarta-feira (24 de janeiro) do programa Estação da Arte.
 
A convidada encantou a todos com cada palavra dita, enquanto discorria sobre a trajetória e o despertar da poesia. Luciene contou que a arte sempre esteve em sua vida e que não tem memória de algum tempo em que a poesia não estivesse presente. Tudo começou com a mãe e a tia, suas grandes referências e as responsáveis por despertarem o interesse em poemas. “Não tinha luz no Pantanal onde eu nasci. Então a poesia era uma possibilidade de entretenimento. E da leitora ávida nasce a escritora.”
 
Durante a entrevista a escritora confidenciou que após ser ‘invalidada’ para outras coisas, a sensação de fracasso foi o que permitiu dar a oportunidade para a poesia de forma efetiva, de forma profissional. “Todas as vezes que eu ouvia: ‘Mato Grosso? Você vai conseguir viver de poesia? Ninguém vive’. Lá dentro de mim, algo me dizia, se ninguém vive, será que isso não é um espaço? Eu sou alguém que tem o ofício poético. Na mesma forma que o sapateiro faz sapatos e o alfaiate faz ternos ou roupas, eu faço versos.”
 
Sobre a sua última obra, intitulada Dona, que será lançada em breve, a escritora dialoga em poesia sobre a invisibilidade das mulheres de 50 anos, que passam a ser vistas como mãe, senhora e deixam de ser observadas como mulher. “A mulher é punida quando não está dentro do padrão. É um processo. Como é a vida e a não vida sexual da mulher de 50? Como é a relação dessa mulher com o espelho? O descobrimento do revelar, a dificuldade e a dor, porque a mulher se envergonha disso. E aí ela tem duas saídas, ou ela lidar com ela, se aceitar, ou então ela se cortar inteira, se puxar inteira.”
 
Em 2015 Luciene Carvalho foi nomeada membro da Academia Mato-grossense de Letras e falou sobre a sensação de ser a primeira mulher negra a assumir a cadeira no Estado. “Eu não sabia que era a primeira negra, porque eu não estava lá dentro. A questão não é ser a primeira negra, porque eu vou sentar na cadeira. É mais. A partir do meu estar lá dentro, tantas outras negras, não só negras, as filhas de viúvas, de pobres, são representadas. É toda uma trajetória que não tem polida, que não é chique, que não tem pedigree, mas que foi gente que fez de verdade a história dessa baixada cuiabana.”
 
O bate-papo também abordou assuntos como o processo sinestésico presente em seus shows poéticos, em que a poetisa desperta os sentidos da plateia, com cheiros, cores, trilhas, efeitos e figurinos apresentando aos espectadores uma poesia viva.
 
A poetisa ficou muito surpresa com o espaço destinado à arte pelo Poder Judiciário. “Apesar de eu compreender que a justiça, se não for centralizada no humano, não tem sentido, ela é a derivação do humano. E acho que vocês perceberam muito bem, a justiça é inerente à condição humana. Essa é a revolução que eu estou percebendo aqui. A importância de vocês é fazer a ponte e vocês têm uma mídia estruturada e pensada. Eu estou muito feliz de estar aqui”, finalizou.
 
O programa faz parte da rádio web do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e é transmitido todas as quartas-feiras, a partir das 11h, no site da Estação TJ e no Facebook do TJMT.
 
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Marco Cappelletti/ Fotos: Otmar de Oliveira (F5)
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